quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Instruções para dar Corda no Relógio" - Cortázar

Que beleza de texto, este, do escritor argentino Julio Cortázar...

lnstruções para dar Corda no Relógio – Cortázar

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Demagogia:será uma variante da retórica para tentar enganar os tolos?

A maioria dos nossos políticos (e outros, apadrinhados por estes) são verdadeiros especialistas em DEMAGOGIA.
A demagogia é uma palavra de origem grega que significa "a arte de conduzir o povo" (Wikipédia). Porém, o conceito desta arte de conduzir o povo sofreu ao longo do Tempo, uma evolução semântica. O demagogo era considerado na Grécia antiga, o chefe ou condutor do povo, sem que houvesse qualquer sentido pejorativo associado à palavra.
Com a chegada de novos líderes como Platão e Aristóteles, o demagogo passou a utilizar a lisonja e os artifícios oratórios para impressionar e enganar o povo.
Estamos a falar da Antiguidade clássica, uns bons anos Antes da era Cristã, e, julgo que o conceito de demagogo como "aquele que diz ou propõe algo que não pode ser posto em prática, apenas para obter benefício ou compensação" (Wikipédia), ganhou raízes profundas ao longo dos tempos, na maioria dos chefes e condutores dos povos.
A demagogia está intimamente ligada à política e a prova de que temos tido grandes demagogos a (des)governar este país, está à vista de todos.
O dia 5 de Junho poderá ser um dia histórico se todos contribuirmos para isso. É pois, necessário e urgente, correr com as demagogias instaladas e demais demagogos que são, desde há muito, os principais responsáveis pelo estado actual do país.

Termino com a Lena d'Água que cantava este "hino" anti demagogia, corria o ano de 1982.
Mais uma vez, o passado na vanguarda do presente.


        DEMAGOGIA - letra e música de Luis Pedro Fonseca

Dão nas vistas em qualquer lugar
Jogando com as palavras como ninguém
Sabem como hão-de contornar
As mais directas perguntas

Aproveitam todo o espaço
Que lhes oferecem na rádio e nos jornais
E falam com desembaraço
Como se fossem formados em falar demais

Demagogia feita à maneira
É como queijo numa ratoeira

P’ra levar a água ao seu moinho
Têm nas mãos uma lata descomunal
Prometem muito pão e vinho
Quando abre a caça eleitoral

Desde que se vêem no poleiro
São atacados de amnésia total
Desde o último até ao primeiro
Vão-se curar em banquetes, numa social

Demagogia feita à maneira
É como queijo numa ratoeira







segunda-feira, 18 de abril de 2011

Pia do Urso: uma espécie de paraíso no meio da serra.

O fenómeno mais interessante que pude observar, ontem, num pequeno passeio pela zona, foi uma formiga puxando desesperadamente por uma folha seca de oliveira.
Como é que um insecto tão pequeno consegue arrastar uma folha, dez vezes o seu tamanho?!
Sem dúvida, um exemplo de persistência, de força e de trabalho...


O resto do meu passeio, encontra-se nesta compilação de imagens.
Espero que apreciem a paisagem e a história do lugar: Pia do Urso.
  Visitem. Vale a pena.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Reconhecer um falso médico é mais fácil do que reconhecer um falso político. Digo eu...

Smiley


O falso médico, já vimos como se descobre (é mais fácil do que eu imaginava). :)
Agora, será que alguém me consegue dizer como se reconhece um falso político?

terça-feira, 12 de abril de 2011

Sim Não

O Sim é o oposto do Não
O Não é o oposto do Sim
Se um diz Sim
há sempre um que diz Não
Se todos dissessem Sim e Não 
O mundo seria uma confusão, Não acham Não?!
Não tem três letras
Sim três letras tem
Sim - (N) + (ão) dá Simão
O Simão é adepto do Sim
Quando está em dias Não
E eu, escrevi este poema do Sim e do Não
Para que os dois sejam amigos assim:
Umas vezes Sim
Outras vezes Não
Tudo depende da nossa disposição!
                    relogio.de.corda (Tentativas poéticas para a pequenada)

Nota) Numa sala de aula, vale tudo para tentar captar o gosto pela escrita. Eu bem tento, mas... a tarefa Não se avizinha fácil.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Os seres vivos nascem, crescem, alimentam-se, reproduzem-se e descansam bastante

O relogio.de.corda saiu à rua - um intervalo para desanuviar da burocracia - e registou para a posteridade como vão os seres vivos que coabitam pacificamente este seu espaço habitacional. Pelos vistos, vão muito bem. Melhor do que muitos de nós; pois não há crise nem trabalho que os aflija...
Viva o crescimento e o descanso, deles!

domingo, 10 de abril de 2011

"Ma liberté de penser" por Florent PagnY a proprósito da chegada do FMY


É a notícia do dia: o FMI, está aquI, já na Terça-feira. Esta gente não dorme em serviço, mesmo!! E como diz o povo, seja o que Deus quiser.
Termino esta breve mensagem com a letra de uma música perfeitamente adaptada à realidade actual. Eles podem levar tudo mas nunca a liberdade do nosso pensamento.


 Ma liberté de penser (Florent Pagny)


Quitte à tout prendre prenez mes gosses et la télé
Ma brosse à dent mon revolver la voiture ça c'est déjà fait
Avec les interdits bancaires prenez ma femme, le canapé
Le micro onde, le frigidaire
Et même jusqu'à ma vie privée
De toute façon à découvert
Je peux bien vendre mon âme au diable
Avec lui on peut s'arranger
Puisque ici tout est négociable, mais vous n'aurez pas
Ma liberté de penser

______


Prenez mon lit, les disques d'or, ma bonne humeur
Les petites cuillères, tout ce qu'à vos yeux a de la valeur
Et dont je n'ai plus rien à faire, quitte à tout prendre n'oubliez pas
Le shit planqué sous l'étagère
Tout ce qui est beau et compte pour moi
J' préfère que ça parte à l'Abbé Pierre
J' peux donner mon corps à la science
S' il y'a quelque chose à prélever
Et que ça vous donne bonne conscience, mais vous n'aurez pas
Ma liberté de penser
Ma liberté de penser
______

J' peux vider mes poches sur la table
Ca fait longtemps qu'elles sont trouées
Baisser mon froc j'en suis capable, mais vous n'aurez pas
Ma liberté de penser
______

Quitte à tout prendre et tout solder
Pour que vos petites affaires s'arrangent
J' prends juste mon pyjama rayé
Et je vous fais cadeau des oranges
Vous pouvez même bien tout garder
J'emporterai rien en enfer
Quitte à tout prendre j' préfère y' aller
Si le paradis vous est offert
Je peux bien vendre mon âme au diable
Avec lui on peut s'arranger
Puisque ici tout est négociable, mais vous n'aurez pas
Non vous n'aurez pas
Ma liberté de penser
Ma liberté de penser

quarta-feira, 30 de março de 2011

A vaca, a escola e eu

Isto de ser teacher tem que se lhe diga. Tarefa cada vez mais complicada porque a ignorância e o desinteresse pela escola, crescem ao ritmo da velocidade dos Kbps da internet. Pergunto-me, às vezes, se não era melhor desaparecer, desistir da profissão ou abandonar a criançada à sua sorte... A maior parte das vezes, ficamos com a sensação de que o esforço foi (é) em vão.
Depois de passarmos aulas e dias, falando sobre animais domésticos e selvagens, sobre as características dos animais, vermos imagens, vermos vídeos, fazermos fichas de trabalho...
Hoje, foi dia de ficha de avaliação do Estudo do Meio para o 2º ano. Havia um exercício com lacunas e ao lado, encontrava-se a imagem de uma vaca:
 
A ______(vaca) vive na _______(terra). Para se deslocar __________ (anda) com a ajuda das ________(patas). Tem o corpo coberto de _______(pêlos) e nasce da _________(barriga da mãe).

Acabado de ler o exercício, voltei a ler frase por frase para aqueles cuja compreensão e dificuldades, não dão para mais, infelizmente. Para se deslocar , a vaca anda com a ajuda  das... das...?!??!?!??... Esperando eu, que me saísse a sorte grande com uma resposta acertada. Não!
Eis que uma criança responde lá do seu canto: a vaca anda com a ajuda das tetas!!!!!!!!!!!
Meus amigos... não interessa descrever aqui, qual foi a minha reacção perante esta escabrosa resposta. Em linguagem corrente, digamos que seria isto: "passei-me!"
Chegada a hora do almoço, veio o desabafo com a colega:
- Eh, pá... Não te dá vontade quando é assim, de espetar umas chapadas valentes?!
Respondi eu:
- Então não dá!! Nem tu sabes quanto!
Acreditem que dá mesmo.

segunda-feira, 28 de março de 2011

"Quanto Tempo levaria para varrer o mundo?"

                                                   (Foto Google)
Esta estranha pergunta, encontrava-se há dias nas estatísticas do quantotempotemotempo.blogspot.com. Não sei precisar de onde veio, embora desconfie que tenha vindo do nosso país irmão, o Brasil. Independentemente do lugar de onde possa ter vindo, a invulgaridade dos termos a pesquisar não me deixou indiferente.
Pensando bem na questão "Quanto Tempo levaria para varrer o mundo?", confesso que até tem uma certa piada. Que raio de pergunta mais estranha! Varrer o mundo!...
Smiley
Querer saber quanto tempo tem o Tempo, já me parece uma pergunta de difícil resposta; haver alguém a questionar "quanto tempo levaria a varrer o mundo?", parece-me algo completamente surreal e impossível, por mais que os habitantes do planeta andassem todos, de vassoura na mão, dia e noite.
Aliás, eu concordo que o mundo até precisa de uma "limpeza" a vários níveis, mas...varrer o mundo?!
Para o caso dessa pessoa não ter desistido da pesquisa e se porventura, a dita, remeter novamente para este blogue, gostaria de deixar umas palavrinhas à (ao) suposta (o) interessada (o) nesta varridela à escala mundial; desista!!!! Varrer o mundo deve dar uma trabalheira dos diabos! Mais; provavelmente a intenção seria mesmo, a de "varrer" muita porcaria que vai por este mundo fora... Porém, se acaso for esta a intenção, parece-me que existem outras formas de o fazer sem ser à "vassourada".
Termino, colocando esta cibernética e estranha questão à consideração dos leitores deste "passatempo".
"Quanto tempo levaria para varrer o mundo?", Digam-me lá, meus senhores e minhas senhoras de vossa justiça.
Com ou sem vassoura, uma boa semana para todos.

domingo, 27 de março de 2011

Sugestões de Leitura - Marginal (Poemas e breves cantigas)

"...Acho que escrevo sempre o mesmo poema. As palavras é que são diferentes..."                                                Vieira da Silva

Nascido há 64 anos, em Ílhavo, António Manuel Vieira da Silva, é o autor da sugestão de leitura de hoje.
Marginal (Poemas breves e cantigas), foi editado pela MC - Mundo da Canção, em 2002. A 2ª edição deste livro aconteceu em Junho de 2010 e como o Tempo tem uma especial atenção neste blogue, gostaria de transcrever as frases finais do seu prefácio; um regresso ao passado que me agradou particularmente.

«Éramos jovens, dizia, e pensávamos. Ílhavo não era cidade, era outro lugar:  nem melhor nem pior, apenas outro. No Verão apanhávamos camarinhas e íamos, de bicicleta ou de dedo esticado, para a Costa Nova. Depois apanhávamos a barca para A Bruxa, onde havia uma jeropiga que parecia ser a melhor coisa do mundo e havia os mundos que nós inventávamos. No Inverno ficávamos pelos cafés do costume, com uma ou outra escapadela pelo meio. Se não fosse o clima aceso da época dir-se-ia que não se passava nada - e no entanto, passava-se tudo: apaixonávamo-nos, descobríamos os mundos do mundo, ouvíamos a música dos silêncios, cavalgávamos o Sete Estrelo.
Agora, Ílhavo mudou, como o País. Novas ruas, vistas renovadas, prédios que foram abaixo e levaram com eles a memória das pedras. Nós, todos, também mudámos. Para melhor ou para pior, para mais longe ou para mais perto, partimos. Mesmo os que ficámos. E, sobretudo, vivemos. E de termos vivido o que vivemos nunca me arrependi, e tenho a certeza que o Vieira da Silva também não. Porque, se calhar, o que distingue os poetas das pessoas normais é mesmo só isso: ser capaz de descobrir, sempre, um mundo novo à sua volta, onde quer que seja; elevar as palavras à condição de diamantes, sem se deixar ofuscar pelo brilho; saber que os poemas só valem a pena quando têm gente lá dentro, como ossos, nervos, veias, emoções. Porque o sonho, esse, vale sempre a pena. Nós sabemos, porque voámos.»   
                                  Viriato Teles - Lisboa, 29 de Dezembro de 2001

Termino com dois poemas breves ...
                                        Bilhete       
                                                 
                                            Hoje
                  não ouvi o que disseste                                          

                                           estive                              
                                   preocupado                                                  
            em ouvir o que não disseste 

                                  Pensamento                                      
                           
                               O pensamento
                   devia ser aquele relógio

       existir enquanto a corda durasse

                          e que bom que era
                   poder partir-lhe a corda

                                Vieira da Silva, in Marginal, páginas 30 e 32
                                                       
                                                  (À venda aqui