E renasce-se para se ser a mesma pessoa, apenas com um colorido ligeiramente diferente e poder pintar com as cores do arco íris, um futuro que queremos melhor. Foi assim que se sentiu o Relógio de Corda há dois anos.
«Era um relogio de corda que,
parado, esperava por quem o pusesse a medir o tempo. Porque ele gostava de
medir o tempo. De ouvir o discreto tic-tac do seu mecanismo quando trabalhava.
Parecia-lhe que assim o tempo custava menos a passar. Estranha idiossincrasia
de quem, assim parado, estava condenado a medir eternidades. E angustiava-se
por depender de quem lhe desse corda para poder ser efectivamente um medidor de
tempo. Então, farto de esperar, concentrou energias e tic atrás de tac começou
a funcionar sozinho. E nunca mais parou de medir o tempo.»
David Teles Ferreira
In Crónica de um renascimento e outras escritas de bolso,
página 40.
(Edição de Autor – 1ª Edição – junho 2016)
(Edição de Autor – 1ª Edição – junho 2016)