domingo, 13 de novembro de 2016

Renascer

Por vezes nascemos, mas com uma necessidade urgente de renascer.
E renasce-se para se ser a mesma pessoa, apenas com um colorido ligeiramente diferente e poder pintar com as cores do arco íris, um futuro que queremos melhor. Foi assim que se sentiu o Relógio de Corda há dois anos.

«Era um relogio de corda que, parado, esperava por quem o pusesse a medir o tempo. Porque ele gostava de medir o tempo. De ouvir o discreto tic-tac do seu mecanismo quando trabalhava. Parecia-lhe que assim o tempo custava menos a passar. Estranha idiossincrasia de quem, assim parado, estava condenado a medir eternidades. E angustiava-se por depender de quem lhe desse corda para poder ser efectivamente um medidor de tempo. Então, farto de esperar, concentrou energias e tic atrás de tac começou a funcionar sozinho. E nunca mais parou de medir o tempo.»

David Teles Ferreira
In Crónica de um renascimento e outras escritas de bolso, página 40.
 (Edição de Autor – 1ª Edição – junho 2016)


 

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