quinta-feira, 26 de agosto de 2010

sugestão de Leitura

"como tornar-se doente mental"


Quando me falaram neste livro, achei que devia deixar a sua leitura para o fim. Não me perguntem porquê. Por norma (para mim) os primeiros são os últimos; neste caso refiro-me à cronologia das publicações.
Dos três livros que li deste autor e que se encontram mencionados neste blogue como "sugestão de leitura", este, foi o primeiro a ser editado, no ano de 2006. Neste momento vai na 19ª edição, imagino por isso, que seja um bom indicador da aceitação e do interesse do mesmo.
Encerro assim, esta trilogia de leituras sobre  J.L.Pio Abreu. Convém esclarecer-vos que este texto já estava escrito há umas semanas e começa com algum humor ironizado, humor este, que também está presente ao longo de todo este livro. Como compreenderão, hoje, e por razões pessoais, talvez escrevesse este "post" de modo diferente. Mas, não irei alterar nada, o que escrevi há duas semanas atrás, manter-se-á, apesar de tudo.

Quer tornar-se doente mental e não sabe como fazê-lo ou que passos dar?!...
Este livro dá uma pequena grande ajuda neste sentido; ensina-o a ser tudo isso e mais alguma coisa; dá-lhe as pistas para uma carreira de sucesso nesta área.
É verdade que Pio Abreu, recorre à ironia para falar de um assunto tão complexo como a doença mental e fá-lo com inteligência porque, de outra forma, este livro seria demasiado técnico e logo; não estaria acessível à compreensão do leitor comum ou então, seria uma seca descomunal e a poucas páginas do seu  início, a maioria fecharia o livro, amaldiçoando os €€€ que gastou no dito. Não é o caso, aqui.
Obviamente que no final, o autor retoma o título "como tornar-se doente mental" e inverte a questão; "como não ser doente mental", pegando "a velha questão do que é ser normal ou, pelo menos mentalmente saudável" e sobre isto, afirma sentir-se "pouco habilitado para nos dar receitas seguras". 
(...) uma tão acelerada e surpreendente mudança de tecnologias, culturas e hábitos, ninguém sabe como vai ser o futuro".(pág.139)


A mensagem de "como tornar-se doente mental", talvez seja também, alertar qualquer um de nós como um potencial "eleito" para a aquisição de qualquer uma das doenças mentais, retratadas no livro. E se estamos convencidos que até somos umas pessoas normais ou mentalmente saudáveis, eis senão quando, quase a terminar, chegam as palavras certeiras que nos retiram parte desta pretensa convicção porque, segundo este médico psiquiatra:
"(...) Todos temos direito a ser um bocadinho fóbicos quando uma desgraça se abate sobre nós, um pouco paranóides quando nos envolvemos numa luta difícil, ligeiramente obsessivos enquanto estudamos a complexidade das coisas, um pouco histriónicos quando nos queremos impor aos outros. Da tendência esquizóide nascem teorias inovadoras e, através das mudanças de humor, a criatividade. Se o leitor consegue fazer tudo isto com sucesso, os meus parabéns: sabe respeitar os contextos da vida e adequar-se a eles. E, embora sejam admissíveis algumas combinações verdadeiramente patológicas, ter todas as doenças é o mesmo que não ter nenhuma. O importante é que a sua vida seja bem sucedida, você não se queixe e os outros também não se queixem de si (...).
O grande problema do doente mental é fazer sempre o mesmo em todas as circunstâncias. É por isso que eles são muito parecidos uns com os outros e os podemos classificar. Pelo contrário, as pessoas saudáveis, por serem tão diferentes umas das outras e fazerem coisas diversas em diversos contextos, são inclassificáveis." (pág.140)


Reading book by fire place smiley
Boas leituras!
        
            (este livro encontra-se à venda aqui)

5 comentários:

  1. Agora, que estou quase a ir de férias, esta é uma excelente sugestão de leitura.
    Infelizmente, defronto-me em casa com a doença da Alzheimer que afecta a minha mãe, já bastante idosa.
    Isso tem-me vindo a fazer reflectir bastante sobre as partidas que o cérebro nos faz, os sinais (às vezes bem pequenos) que indiciam que algo de anormal está a acontecer e sobre o que é, de facto, ser "normal".
    Para além do mais, quem é cuidador de familiares próximos com Alzheimer dificilmente se livra de estados de ansiedade, de depressão (mais ou menos intensa) ou, pelo menos de um stress intenso que não deixa de ter os seus efeitos psicológicos!
    Para mim, portanto, esta é uma excelente sugestão e as passagens que escolheu aguçaram-me sem dúvida o apetite por esta leitura!
    O meu obrigado!

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  2. há pouco tempo, o meu pai este internado no pavilhão 29 do hjm. não foi nada fácil deixar o meu pai, naquele local. a maioria das pessoas que estavam lá, não estavam. ausentes de tudo, ausentes de si mesmo... foram semanas complicadas. felizmente, o meu pai saiu ao fim de 16 dias. e está tudo bem.

    obrigada pela sugestão...

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  3. Sei lá o que sou.
    A maior parte das vezes nem quero saber.
    Mas lá que esta sociedade quer fazer de todos doentes mentais quer.E não olha a meios,nem a gastos.
    Um abraço,
    mário

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  4. Entre loucos e "tótós", prefiro conviver com os primeiros.Os loucos são sentimentais e por isso são fiéis ás suas ideias, só que caiem sempre nos mesmo:"compram as "promessas" por isso há que "dar corda aos sapatos", porque os tótós andam de pantufas .

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  5. Obrigada a todos pelos comentários.

    Mário "Trepadeira"; a sua frase "Sei lá o que sou" é provavelmente a prova de que muitos de nós não sabe o que é afinal. Hoje podemos estar bem e amanhã?!...
    Somos "normais" mas não somos tão normais como isso, pelo menos, esta é, a minha interpretação pessoal deste livro e porque, a dita "normalidade" no ser humano, possivelmente, não existe.
    João Afonso:entre loucos e "totós"... que venha o diabo e escolha! :)
    Sinceramente, não sei qual deles o mais complicado.

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