"Quem nos faz como somos", foi editado pela D.Quixote em 2007 e o seu autor é J.L.Pio Abreu, autor de outro livro
aqui (e
aqui) mencionado, como sugestão de leitura.
«Porque é que faço o que faço, porque é que penso o que penso? A maioria de nós dirá: porque eu quero(...) pág.17
"Quem nos faz como somos" é segundo o seu autor, um livro cujos 40 capítulos que o compõem «atravessam muitas questões com forte carga ideológica: o papel do homem e da mulher, a globalização, o confronto das civilizações, a questão do espírito e da natureza humana, a liberdade, o papel dos média, as crenças religiosas e, em particular, a crença na imortalidade» pág.19
Num universo tão complexo como o da genética, Pio Abreu pretende de alguma forma, transmitir ao leitor comum que pouco ou nada percebe sobre combinações entre proteínas, cromossomas, cadeias, átomos, moléculas ou genes, a importância deste ramo da ciência, na formação da humanidade. E, pretende fazê-lo de uma forma mais ou menos "simplificada", usando para isso, um modo de escrita que, como o próprio refere
"... pode parecer insólito" porque põe "
os genes ou a cultura a falar na primeira pessoa". pág.20
Nas primeiras partes do livro, o autor revela-nos que os
genes e os
signos, representam, no primeiro caso, a nossa extensa
história biológica e, no caso dos signos, traduzem a nossa
enorme dependência cultural (ideias retiradas do Prefácio escrito por Carlos Fiolhais-Físico e Director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra).
Nos capítulos seguintes encontrei as partes mais interessantes deste livro (opinião pessoal, obviamente). Termino com estes textos, incluídos no capítulo 3,
"COMO É QUE EU CONSIGO DOMINAR OS HUMANOS", a propósito de assimetrias entre homens e mulheres...
«Tudo isto acontece nos homens, que têm um hemisfério bem diferenciado do outro, a ponto de uma pequena lesão dessa metade esquerda os impedir de falar e raciocinar com lógica. Porém, se a parte direita continuar a funcionar, eles podem ainda sentir e apreciar os aspectos importantes da vida, mantendo os sentimentos e a boa coordenação de todos os seus instintos. É claro que, com esta organização cerebral, os homens têm um pequeno problema: é que às vezes pensam de maneira e sentem de outra, dando voltas aos miolos para resolver esta contradição(...)
Falei dos homens porque, com as mulheres, o caso é outro: elas têm os cérebros menos assimétricos e, por exemplo, o controlo da fala ocupa ambos os hemisférios cerebrais. Ou seja: sentem o que pensam e pensam como sentem, não têm qualquer contradição a resolver. Talvez tenha de ser assim, porque são elas as principais protectoras dos genes e, sem essa protecção, não existiriam pessoas para me produzir. É por isso que as mulheres são fãs da sinceridade e da transparência, embora sejam frequentemente incoerentes: o que pensam hoje não é o que pensaram ontem, simplesmente porque os seus sentimentos mudaram, e talvez amanhã mudem de novo (...)» pág. 75
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