Este espaço encerra para descanso do "pessoal". Deixo-vos em boa companhia; um poema do autor uruguaio, Mário Benedetti, "TEMPO SEM TEMPO" porque ter tempo sem tempo também é preciso.
Boas férias se for o caso, e, tal como na canção de Curtis Mayfield "Here but I'm gone".
Até um dia.
TEMPO SEM TEMPO
Preciso de tempo necessito esse tempo
que outros deixam abandonado
por que lhes sobra ou já não sabem
o que fazer com ele
tempo
em branco
em vermelho
em verde
até castanho-escuro
não me importa a cor
cândido tempo
que eu possa abrir
e fechar
como uma porta
tempo para olhar uma árvore um farol
para andar pelo fio do descanso
para pensar que bom hoje não é inverno
para morrer um pouco
e nascer em seguida
e para me dar conta
e para me dar corda
preciso tempo o necessário para
chafurdar umas horas na vida
e para investigar por que estou triste
e acostumar-me ao meu esqueleto antigo
tempo para esconder-me no canto de algum galo
e para reaparecer em um relincho
e para estar em dia
e para estar na noite
tempo sem recato e sem relógio
vale dizer preciso
ou seja necessito
digamos me faz falta
tempo sem tempo
(Mário Benedetti)
terça-feira, 3 de julho de 2012
segunda-feira, 18 de junho de 2012
18 de Junho de 2012
Há 14 anos ela desenhava assim...
Fadas, fadinhas, muitas cores, um sol despenteado, borboletas no ar, uma amostra de arco-íris, casinhas sem chaminé com fumo preto saindo sob a forma de um tracejado ondulante... Imaginação foi coisa que nunca lhe faltou!
Que o tempo e o Além se dignem conservar as duas: a imaginação e sobretudo, a autora de tão singelo desenho.
Fadas, fadinhas, muitas cores, um sol despenteado, borboletas no ar, uma amostra de arco-íris, casinhas sem chaminé com fumo preto saindo sob a forma de um tracejado ondulante... Imaginação foi coisa que nunca lhe faltou!
Que o tempo e o Além se dignem conservar as duas: a imaginação e sobretudo, a autora de tão singelo desenho.
Tal mãe tal filha. Há gostos transmissíveis, sabe-se lá porquê.
The Beatles - "You're Gonna Lose That Girl" (I hope not)
The Beatles - "You're Gonna Lose That Girl" (I hope not)
sexta-feira, 15 de junho de 2012
"Poder ser tu, sendo eu!" - Poema (Ruy Belo)
Poema
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ei-lo que avança
De costas resguardadas pela minha esperança.
Não sei quem é. Leva consigo,
Além de sob o braço o jornal,
A sedução de ser, seja quem for,
Aquele que não sou.
E vai não sei onde
Visitar não sei quem
Sinto saudades de alguém
Lido ou sonhado por mim
Em sítios onde nunca estive.
Ruy Belo
Bom fim-de-semana e votos de um excelente final de ano lectivo, extensivo a todos os meus colegas de profissão.
Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ei-lo que avança
De costas resguardadas pela minha esperança.
Não sei quem é. Leva consigo,
Além de sob o braço o jornal,
A sedução de ser, seja quem for,
Aquele que não sou.
E vai não sei onde
Visitar não sei quem
Sinto saudades de alguém
Lido ou sonhado por mim
Em sítios onde nunca estive.
Ruy Belo
Bom fim-de-semana e votos de um excelente final de ano lectivo, extensivo a todos os meus colegas de profissão.
segunda-feira, 11 de junho de 2012
Os queixinhas e os queixosos
Há os queixinhas da escola, geralmente meninos que desatam a correr em direcção ao adulto sempre que fulano ou beltrano faz ou diz algo. Normalmente são palavras ou gestos desagradáveis que ninguém gosta de ouvir, sobretudo uma criança. Nesta categoria, existem os queixinhas agudos e os queixinhas crónicos; uns e outros são meninos chatos! Felizmente o tempo encarrega-se de curar o queixume de muitos.
Depois, há os queixosos da vida, que são geralmente pessoas crescidas que desatam a correr em direcção a elas próprias. Às vezes, correm na direcção de outras pessoas crescidas, queixando-se de tudo e mais alguma. Os queixosos, às vezes, também são pessoas chatas!
Depois, há os queixosos da vida, que são geralmente pessoas crescidas que desatam a correr em direcção a elas próprias. Às vezes, correm na direcção de outras pessoas crescidas, queixando-se de tudo e mais alguma. Os queixosos, às vezes, também são pessoas chatas!
Os queixosos apresentam igualmente inúmeras queixas contra o tempo; melhor dizendo, contra a falta dele. Quem passa grande parte da sua vida a queixar-se do tempo que não tem, geralmente não faz o que gostaria, acabando por se sentir triste ou frustrado.
Aos queixosos que são no fundo, os queixinhas numa versão adulta, fica este recado: "pára de te queixar e faz alguma coisa" (este slogan não é da minha autoria mas está na moda e eu aproveito-o).
Hoje escrevi isto, não sei bem porquê...
Aos queixosos que são no fundo, os queixinhas numa versão adulta, fica este recado: "pára de te queixar e faz alguma coisa" (este slogan não é da minha autoria mas está na moda e eu aproveito-o).
sexta-feira, 8 de junho de 2012
Poema triste por Mário Quintana
“Eu Escrevi um Poema Triste”
Mário Quintana
Mário Quintana
Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
quarta-feira, 6 de junho de 2012
"Precious and fragile things need special handling"
sexta-feira, 1 de junho de 2012
terça-feira, 29 de maio de 2012
Pausa para descanso do pessoal
The Wooden Birds são originários de Austin (Texas) e pertencem a um sub género musical, também conhecido por indie rock (informação Wikipédia).
sexta-feira, 25 de maio de 2012
O enterro do xaréu
Dois dias passaram e o xaréu voltou novamente ao centro das atenções. Encontraram-no durante o intervalo, no chão, e moribundo, já sem forças para voar.
O meu especialista em pombos e outras aves, larga de chorar. Chorou porque sim. Porque os meninos sensíveis são assim. Porém, e para meu espanto, ninguém se atreveu a troçar dele ou tecer um comentário que fosse.
(Na hora de almoço...)
O Zezinho (nome fictício) assumiu o cargo de cangalheiro, pegando nele com mil cuidados. Atrás, ao lado e à frente dele seguiam os restantes colegas que, sentados na escadaria da escola, tentaram reanimar o passarinho com umas gotas de água e uma minúscula migalha de pão.
Entretanto, outros (quiçá mais realistas) meteram mãos à obra, começando a escavar um buraco.
Um deles tratou de arranjar a caixa vazia de um compasso para servir de urna.
Os restantes rumavam à roseira mais próxima que, por sinal já ficava no quintal da vizinha. E eu observava atenciosamente toda aquela movimentação da janela.
O enterro do xaréu estava em marcha.
Uns minutos depois ouvia-se: "o pássaro já morreu! O pássaro já morreu!" - gritavam as crianças em coro.
Bateram à porta. Pediram-me que fosse ver...
No meio da tristeza de um e da preocupação de alguns, a verdade é que o charéu teve direito a um final, digamos que... digno.
E quem respeita a tristeza de um colega que chora a morte da avezinha vulgar e insignificante como o xaréu, corre o risco bom, um dia, de conseguir respeitar a dor e a sensibilidade dos outros.
A criançada também tem destas coisas boas.
quinta-feira, 24 de maio de 2012
O dia em que um charéu entrou no wc das meninas
Um dos acontecimentos susceptíveis de quebrar a "monotonia" dentro de uma escola: encontrar um passarinho ferido na casa de banho das meninas!
E de imediato se junta a criançada toda num alvoroço histérico, tentando resgatar a pobre ave.
O Charéu acaba por ir parar às mãos de quem percebe do assunto; um verdadeiro especialista em pombos e outras aves comuns.
Nervoso mas feliz, aquilo é que era ver o meu especialista "emborcando" migalhas de côdea e água pelo bico abaixo do pássaro! Creio que se o infeliz pudesse, teria chilreado bem alto para o deixarem em paz.
Conseguiu-se improvisar uma gaiola (uma velha caixa de fruta) gerenosamente coberta com um pano, a fim de evitar uma possível fuga (o calor era tal que eu não sei como a ave não morreu sufocada, mas bem...). Consumada a captura, os "grandes" procederam à vigília para que os meninos do Jardim não lhe mexessem. Ver para crer!!!
Entretanto, estava na hora da entrada...
Lá fora ficara o charéu que, mesmo ferido numa asa, resolveu enfrentar o mundo e ir à vida dele.
Tristes e desconsolados, perceberam que apesar das adversidades, por vezes, é preciso voar.
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