quarta-feira, 25 de julho de 2012

L'horloge - Charles Baudelaire

L'horloge

Horloge ! dieu sinistre, effrayant, impassible,
Dont le doigt nous menace et nous dit : " Souviens-toi !
Les vibrantes Douleurs dans ton coeur plein d'effroi
Se planteront bientôt comme dans une cible,

Le plaisir vaporeux fuira vers l'horizon
Ainsi qu'une sylphide au fond de la coulisse ;
Chaque instant te dévore un morceau du délice
A chaque homme accordé pour toute sa saison.

Trois mille six cents fois par heure, la Seconde
Chuchote : Souviens-toi ! - Rapide, avec sa voix
D'insecte, Maintenant dit : Je suis Autrefois,
Et j'ai pompé ta vie avec ma trompe immonde !

Remember ! Souviens-toi, prodigue ! Esto memor !
(Mon gosier de métal parle toutes les langues.)
Les minutes, mortel folâtre, sont des gangues
Qu'il ne faut pas lâcher sans en extraire l'or !

Souviens-toi que le Temps est un joueur avide
Qui gagne sans tricher, à tout coup ! c'est la loi.
Le jour décroît ; la nuit augmente, souviens-toi !
Le gouffre a toujours soif ; la clepsydre se vide.

Tantôt sonnera l'heure où le divin Hasard,
Où l'auguste Vertu, ton épouse encor vierge,
Où le repentir même (oh ! la dernière auberge !),
Où tout te dira : Meurs, vieux lâche ! il est trop tard ! "

Charles Baudelaire (1821-1867)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Gosto da matemática poética de Millôr Fernandes. A do Crato, "jamé"!

Nuno Crato, Ministro da Educação de Portugal e matemático, necessitaria de alguma queda para a poesia, pouco raciocínio lógico e muito sentimento para transformar números em arte.
Infelizmente, a firma Crato&Comp.Lda usa e abusa dos números como todos nós sabemos. 
Para controlar as suas despesas e poder sobreviver, esta pseudo firma elegeu as contas de "sumir"; as únicas com a vantagem, e segundo esta mega-empresa governativa, de deitarem abaixo qualquer sistema educativo, entre outros, enquanto o diabo esfrega metade de um olho só ! É obra.
Enfim! Ainda bem que existe a poesia dos números de Millôr Fernandes 

                    Poesia Matemática
 
Às folhas tantas
do livro matemático
um Quociente apaixonou-se
um dia
doidamente
por uma Incógnita.
Olhou-a com seu olhar inumerável
e viu-a do ápice à base
uma figura ímpar;
olhos rombóides, boca trapezóide,
corpo retangular, seios esferóides.
Fez de sua uma vida
paralela à dela
até que se encontraram
no infinito.
"Quem és tu?", indagou ele
em ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."
E de falarem descobriram que eram
(o que em aritmética corresponde
a almas irmãs)
primos entre si.
E assim se amaram
ao quadrado da velocidade da luz
numa sexta potenciação
traçando
ao sabor do momento
e da paixão
retas, curvas, círculos e linhas sinoidais
nos jardins da quarta dimensão.
Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclidiana
e os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.
E enfim resolveram se casar
constituir um lar,
mais que um lar,
um perpendicular.
Convidaram para padrinhos
o Poliedro e a Bissetriz.
E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro
sonhando com uma felicidade
integral e diferencial.
E se casaram e tiveram uma secante e três cones
muito engraçadinhos.
E foram felizes
até aquele dia
em que tudo vira afinal
monotonia.
Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum
freqüentador de círculos concêntricos,
viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
uma grandeza absoluta
e reduziu-a a um denominador comum.
Ele, Quociente, percebeu
que com ela não formava mais um todo,
uma unidade.
Era o triângulo,
tanto chamado amoroso.
Desse problema ela era uma fração,
a mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade
e tudo que era espúrio passou a ser
moralidade
como aliás em qualquer
sociedade.
Do livro "Tempo e Contratempo", Edições O Cruzeiro - Rio de Janeiro, 1954

quarta-feira, 18 de julho de 2012

A educação de um país não vai lá com fórmulas matemáticas

É o que eu penso, embora neste país considerem que multiplicar X cabeças por Y resultados sobre K não sei das quantas, resolve aquilo a que eles denominam por uma maior eficácia e rentabilidade nos recursos educativos, nomeadamente, nos recursos humanos. 
Confesso: ainda não percebi como é que as mentes brilhantes do MEC conseguem a tal eficácia e rentabilidade pedagógica numa turma com 30 alunos ou numa turma do 1º ano de escolaridade com 26 criancinhas de 5 e 6 anos, muitas delas, ou a grande maioria, a necessitarem de apoio directo e indivualizado do professor. Não percebo... E se há momentos na vida em que aspiramos a seres superiormente dotados de super poderes, este seria um deles.
Ora, está visto e revisto que eles estão-se "marimbando" para alunos e professores.
É quase certo que ninguém, a médio ou a longo prazo, aguentará o sistema tal como está; o pessoal docente será cada vez mais a classe presente nos consultórios de psiquiatria.
Mais; o sistema de ensino que estão a criar, é selectivo. Só os bons alunos (porventura, os médios) atingirão as metas curriculares agora introduzidas (metas estas que alguns organismos científicos nas áreas da Matemática e do Português já vieram contestar).
O feitiço poderá virar-se contra o feiticeiro e o sucesso que o MEC tanto ambiciona, poderá não passar de um pesadelo. Pena que esta ambição esteja a acontecer à custa de mão-de-obra humana.
Um ministro da Educação formado e doutorado na área da Matemática faz toda a diferença. Ele pensa em matematiquês. Nós pensamos, ainda, em português. E por este andar, qualquer dia já ninguém sabe o que pensar.
Do Despacho normativo nº 13-A/2012 de 5 de Junho de 2012, registei algumas fórmulas matemáticas que regem a organização curricular do ano lectivo 2012-2013.
Ao fazermos a leitura deste documento, fica a ideia de que somos números, nada mais do que números!


 
 



terça-feira, 3 de julho de 2012

"Tempo sem Tempo" ou "Here but I'm gone"

Este espaço encerra para descanso do "pessoal". Deixo-vos em boa companhia; um poema do autor uruguaio, Mário Benedetti, "TEMPO SEM TEMPO" porque ter tempo sem tempo também é preciso.
Boas férias se for o caso, e, tal como na canção de Curtis Mayfield "Here but I'm gone".
Até um dia.


TEMPO SEM TEMPO

Preciso de tempo necessito esse tempo
que outros deixam abandonado
por que lhes sobra ou já não sabem
o que fazer com ele

tempo
em branco
em vermelho
em verde
até castanho-escuro
não me importa a cor
cândido tempo
que eu possa abrir
e fechar
como uma porta

tempo para olhar uma árvore um farol
para andar pelo fio do descanso
para pensar que bom hoje não é inverno
para morrer um pouco
e nascer em seguida
e para me dar conta
e para me dar corda
preciso tempo o necessário para
chafurdar umas horas na vida
e para investigar por que estou triste
e acostumar-me ao meu esqueleto antigo

tempo para esconder-me no canto de algum galo
e para reaparecer em um relincho
e para estar em dia
e para estar na noite
tempo sem recato e sem relógio

vale dizer preciso
ou seja necessito
digamos me faz falta
tempo sem tempo

 (Mário Benedetti)

segunda-feira, 18 de junho de 2012

18 de Junho de 2012

Há 14 anos ela desenhava assim...


Fadas, fadinhas, muitas cores, um sol despenteado, borboletas no ar, uma amostra de arco-íris, casinhas sem chaminé com fumo preto saindo sob a forma de um tracejado ondulante... Imaginação foi coisa que nunca lhe faltou!
Que o tempo e o Além se dignem conservar as duas: a imaginação e sobretudo, a autora de tão singelo desenho.

Smiley
Tal mãe tal filha. Há gostos transmissíveis, sabe-se lá porquê.
The Beatles - "You're Gonna Lose That Girl" (I hope not)

sexta-feira, 15 de junho de 2012

"Poder ser tu, sendo eu!" - Poema (Ruy Belo)

Poema

Ah, poder ser tu, sendo eu!
Ei-lo que avança
De costas resguardadas pela minha esperança.
Não sei quem é. Leva consigo,
Além de sob o braço o jornal,
A sedução de ser, seja quem for,
Aquele que não sou.
E vai não sei onde
Visitar não sei quem
Sinto saudades de alguém
Lido ou sonhado por  mim
Em sítios onde nunca estive.
                               Ruy Belo


Bom fim-de-semana e votos de um excelente final de ano lectivo, extensivo a todos os meus colegas de profissão.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Os queixinhas e os queixosos

Há os queixinhas da escola, geralmente meninos que desatam a correr em direcção ao adulto sempre que fulano ou beltrano faz ou diz algo. Normalmente são palavras ou gestos desagradáveis que ninguém gosta de ouvir, sobretudo uma criança. Nesta categoria, existem os queixinhas agudos e os queixinhas crónicos; uns e outros são meninos chatos! Felizmente o tempo encarrega-se de curar o queixume de muitos.
Depois, há os queixosos da vida, que são geralmente pessoas crescidas que desatam a correr em direcção a elas próprias. Às vezes, correm na direcção de outras pessoas crescidas, queixando-se de tudo e mais alguma. Os queixosos, às vezes, também são pessoas chatas!
Os queixosos apresentam igualmente inúmeras queixas contra o tempo; melhor dizendo, contra a falta dele. Quem passa grande parte da sua vida a queixar-se do tempo que não tem, geralmente não faz o que gostaria, acabando por se sentir triste ou frustrado.
Aos queixosos que são no fundo, os queixinhas numa versão adulta, fica este recado: "pára de te queixar e faz alguma coisa" (este slogan não é da minha autoria mas está na moda e eu aproveito-o).
Hoje escrevi isto, não sei bem porquê...

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Poema triste por Mário Quintana

“Eu Escrevi um Poema Triste”
         Mário Quintana

Eu escrevi um poema triste
E belo, apenas da sua tristeza.
Não vem de ti essa tristeza
Mas das mudanças do Tempo,
Que ora nos traz esperanças
Ora nos dá incerteza…
Nem importa, ao velho Tempo,
Que sejas fiel ou infiel…
Eu fico, junto à correnteza,
Olhando as horas tão breves…
E das cartas que me escreves
Faço barcos de papel!
Mais

Bom fim-de-semana ao som de "Time After Time" numa versão acústica (Emiliana Torrini).


quarta-feira, 6 de junho de 2012

"Precious and fragile things need special handling"

Hoje, a caminho do trabalho, esta música tocava numa estação de rádio...Por breves minutos foi como se voltasse atrás no tempo, anos 80.
O estilo musical é o que é, mas esta não me escapou: "Precious and fragile things need special handling" 


terça-feira, 29 de maio de 2012

Pausa para descanso do pessoal

The Wooden Birds são originários de Austin (Texas) e pertencem a um sub género musical, também conhecido por indie rock (informação Wikipédia).


sexta-feira, 25 de maio de 2012

O enterro do xaréu

Dois dias passaram e o xaréu voltou novamente ao centro das atenções. Encontraram-no durante o intervalo, no chão, e moribundo, já sem forças para voar.
O meu especialista em pombos e outras aves, larga de chorar. Chorou porque sim. Porque os meninos sensíveis são assim. Porém, e para meu espanto, ninguém se atreveu a troçar dele ou tecer um comentário que fosse.  

(Na hora de almoço...)

O Zezinho (nome fictício) assumiu o cargo de cangalheiro, pegando nele com mil cuidados. Atrás, ao lado e à frente dele seguiam os restantes colegas que, sentados na escadaria da escola, tentaram reanimar o passarinho com umas gotas de água e uma minúscula migalha de pão.
Entretanto, outros (quiçá mais realistas) meteram mãos à obra, começando a escavar um buraco.
Um deles tratou de arranjar a caixa vazia de um compasso para servir de urna.
Os restantes rumavam à roseira mais próxima que, por sinal já ficava no quintal da vizinha. E eu observava atenciosamente toda aquela movimentação da janela.
O  enterro do xaréu estava em marcha.
Uns minutos depois ouvia-se: "o pássaro já morreu! O pássaro já morreu!" - gritavam as crianças em coro.
Bateram à porta. Pediram-me que fosse ver...
No meio da tristeza de um e da preocupação de alguns, a verdade é que o charéu teve direito a um final, digamos que... digno.
E quem respeita a tristeza de um colega que chora a morte da avezinha vulgar e insignificante como o xaréu, corre o risco bom, um dia, de conseguir respeitar a dor e a sensibilidade dos outros. 
A criançada também tem destas coisas boas.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O dia em que um charéu entrou no wc das meninas

Um dos acontecimentos susceptíveis de quebrar a "monotonia" dentro de uma escola: encontrar um passarinho ferido na casa de banho das meninas! 
E de imediato se junta a criançada toda num alvoroço histérico, tentando resgatar a pobre ave. 
O Charéu acaba por ir parar às mãos de quem percebe do assunto; um verdadeiro especialista em pombos e outras aves comuns. 
Nervoso mas feliz, aquilo é que era ver o meu especialista "emborcando" migalhas de côdea e água pelo bico abaixo do pássaro! Creio que se o infeliz pudesse, teria chilreado bem alto para o deixarem em paz.
Conseguiu-se improvisar uma gaiola (uma velha caixa de fruta) gerenosamente coberta com um pano, a fim de evitar uma possível fuga (o calor era tal que eu não sei como a ave não morreu sufocada, mas bem...). Consumada a captura, os "grandes" procederam à vigília para que os meninos do Jardim não lhe mexessem. Ver para crer!!!


Entretanto, estava na hora da entrada...
Lá fora ficara o charéu que, mesmo ferido numa asa, resolveu enfrentar o mundo e ir à vida dele.
Tristes e desconsolados, perceberam que apesar das adversidades, por vezes, é preciso voar.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

"Minha senhora, você é uma professora de merda!

O título é politicamente incorrecto mas assustadoramente real:"Minha senhora, você é uma professora de merda!"
Na entrevista que se segue, a autora do livro (uma jovem professora de Francês) fala da violência, das angústias, das ameaças e dos insultos vividos dentro e fora da sala de aula.
Desiludida com o sistema de ensino francês, Charlotte Charpot decide leccionar na Bélgica onde conclui que a situação não é melhor.
Segundo o testemunho desta professora, que entretanto deve ter abandonado a profissão (a entrevista é de 2009) são, apenas e só, imperativos económicos que estão na origem das reformas na Educação. A pedagogia aqui, não é "tida nem achada" pois como sabemos, é uma despesa extra que nenhum governo pretende assumir.
Na Bélgica, na França... ou por cá, o caos é já ali ao virar da esquina; a irresponsabilidade de alguns pagar-se-á cara daqui uns anos.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Sem inspiração...............................................................

Escrever apagar, rir chorar, descansar trabalhar. O tempo não se cansa de andar e eu sem o conseguir acompanhar. Dá uma passada, a seguir outra e não espera por mim. Assim não está bem!
Vou apresentar queixa contra o tempo. Não sei onde, não sei a quem...

(Os Bee Gees em 1970, antes de se apresentarem com aquelas vozes descaradamente esganiçadas que eu conheci anos mais tarde. Maurice Gibb já partiu, Robin (gémeo com Maurice) partiu hoje e Barry... logo se vê)
 
 

terça-feira, 15 de maio de 2012

"Se pensas que és pequeno demais para mudar o mundo, experimenta dormir com uma melga no quarto".

Numa das paredes do Tribunal de Leiria pode ler-se o seguinte:


"Se pensas que és pequeno demais para mudar o mundo, experimenta dormir com uma melga no quarto"

Há muito que andava de olho neste "pensamento". O autor, à semelhança de outros actos do género, expressa o que lhe vai na alma utlizando, como mural real e improvisado, mais um edifício público (ver também aqui). 
Faz tempo, meses ou anos talvez, que esta frase se encontra ali. Ora, se o Tribunal não se importa com o facto, eu também não.
Ah! Resta saber que tipo de melga será esta...  Smiley

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Running Up That Hill ...

"Running Up That Hill" é um tema de 1985.
Para além da música, gosto da expressividade corporal presente neste vídeo clip e ...
" and if I only could"...

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"A vida é uma passagem" (HR)

Todas as perdas humanas são tristes; umas mais do que outras, talvez.
Fica a homenagem a Bernardo Sasseti, múscico hoje desaparecido...
Bom fim-de-semana.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

José Fanha - "The day after"

Os alunos inspiram-nos e "aspiram" a nossa paciência em pouco tempo, mas também merecem elogios. Segunda-feira revelaram um comportamento à altura perante as visitas e isso, é sempre motivo de algum orgulho para nós, educadores/professores.
A vinda à escola do escritor José Fanha, foi um momento, um encontro que as crianças não esquecerão. Os petizes gostaram de conhecer pessoalmente mais um escritor de livros... e nós, adultos, também gostámos.


Na calada da noite, foi a vez da professora meditar sobre o dia e fazer o balanço da actividade.
Acabou por sair isto...

Quem não tem jeito para fazer poemas
Levante o dedo no ar
E levantou o João, o Joaquim, o Jorge e o José.
De seguida
O Sebastião e o Crispim que não sabem o que é.
Ora, um Poema é...
"Ir à pesca da palavra certa!" - disse a Berta
"Escolher palavras e vesti-las com roupa bonita!" - disse a Anita
Então
Em conjunto disseram 
Vamos fazer um poema todo catita!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

"Balanço provisório" por José Fanha

Poesia e  música casam bem uma com a outra, digo eu.
Acompanho pelo som do piano, nada com ler este "balanço provisório" do autor que eu terei o prazer de conhecer pessoalmente mais logo.

 "Rolling in the Deep" (Adele) por The piano Guys
 
Balanço provisório
                                                                                         José Fanha

Estamos mais gordos mais magros
talvez mais denso
ou mais pesado o nosso olhar.
Temos pressa de ternura
angústias de vez em quando
e umas contas de telefone atrasadas
para pagar.

Temos falta de cabelo
três ou quatro cicatrizes
sofremos de inquietação.
Muitas vezes nos disseram
como é rápido o deslize
mesmo assim nunca deixamos
de dar corda ao coração.

Daqueles que já partiram
guardamos silêncio e nome
e uma improvável mistura
de amargura e rebeldia
nas palavras desordeiras
que dizem redizem cantam
relembrando dia a dia
como é feita de azinheiras
a capital da alegria.

Muitas ondas já morreram
outras tantas vão nascer
muitos ricos já se cansaram de correr até à foz
águas claras que se foram
outras águas se turvaram
e agora restamos nós.

Somos muitos somos poucos
calmamente radicais
sabemos vozes antigas
trazemos a lua ao peito
amamos sempre demais.

Neste caminho tomado
fomos traídos trocados
vendidos aos Deus dará.
Nem por isso desistimos
e assim nos vamos achando
perdidos de andar às voltas
nas voltas que a vida dá.

Somos uns bichos teimosos
peixes louros aves rindo
plantas poetas palhaços
e portanto resumindo
somos mais do que nos querem
estamos vivos
estamos lindos.
                       José Fanha (poema retirado desta ligação)

sexta-feira, 4 de maio de 2012

É Sexta-feira! Bom fim-de-semana

Vale a pena ver a originalidade deste vídeo e apreciar a beleza proporcionada pelo efeito das sombras chinesas.
A interpretação é de Gotye, um músico multi-instrumental, compositor e cantor belga-australiano (informação Wikipédia).

Votos de um óptimo fim-de-semana.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Um Doce Pingo de cinismo na cara

E depois do Doce caos no dia de ontem, que tal um Pingo de cinismo na boca dos nossos governantes neste dia 2 de Maio?!
Então, mas... o Governo ainda não sabia disto?
Um Governo que está sempre tão preocupado com números; como é possível, a seguir ao feriado do 1 de Maio, aparecer com o discurso cínico de que está "surpreendido com os números do desemprego" ?!?!?!?
Esta surpresa governativa "surpreendeu-me" e nunca a expressão popular "é preciso ter lata" assentou tão bem nesta gente que, pelos vistos, "não sabe da missa a metade" ou faz que não sabe.
Já agora, seria melhor que a surpresa deles começasse o quanto antes a dar lugar a preocupação.

terça-feira, 1 de maio de 2012

O verdadeiro significado da corrida às compras no dia 1 de Maio de 2012

Era suposto o dia 1 de Maio, um feriado mundialmente reconhecido e cuja origem remonta ao século XIX nos Estados Unidos, ser o Dia do Trabalhador; não o Dia do Escravo ou o Dia do Estúpido.
Em Portugal, é costume a malta brincar com coisas sérias e depois andar a queixar-se que a brincadeira correu mal.
Ou melhor, em Portugal, é costume a malta revelar (ou não) uma educação de bradar aos céus; demonstrar (ou não) uma cultura cívica de bradar aos céus mas também de bradar para lá dos confins dos infernos.
Entre uma corja de grupos económicos ávidos de lucros, prontinhos a boicotar o Dia do Trabalhador e uma maioria de cidadãos que nem se digna sair à rua em dia de eleições para exercer um dever cívico como o de votar... Não sei o que pense, não sei o que diga. Entre uns e outros que venha o diabo e escolha.
O mundo até parecia que ia acabar nas próximas horas, mas não. O que verdadeiramente ia acabar, eram as promoções do grupo JM e algumas dezenas de euros nas carteiras dos consumidores enlouquecidos. 
A corrida cega aos hiper; a prontidão com que o povo diz "Amen" aos senhores do dinheiro; a pressa de gastar dinheiro; a insconciência das compras desnecessárias; as filas, o tempo de espera e a paciência; as zaragatas no meio das lojas e tudo aquilo que os telejornais noticiaram hoje, fizeram-me, pela primeira vez na vida, sentir vergonha de ser portuguesa.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Reavivar espaços que o Estado encerrou

 
(A vista sobre a Serra de Santo António captada de um alpendre, em Alcaria. Foto retirada daqui)

Chama-se Benvinda Januário.
Dedicou a sua vida profissional ao então denominado ex ensino "primário". Depois da aposentação, não cruzou os braços e candidatou-se à Junta de Freguesia da sua terra natal. 
Alcaria é pois, a mais pequena freguesia do concelho de Porto de Mós e por isso, uma das que tem os dias contados enquanto tal.
Foi das primeiras localidades a encerrar a sua escola por falta de crianças (já lá vão uns anos) e em contrapartida viu a população idosa aumentar drasticamente mas, nem tudo é mau. 
A aldeia tornou-se na última década e meia, refúgio para muitos citadinos oriundos das mais variadas urbes portuguesas, pela paz e sossego que proporciona, em pleno Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros.
Convém referir que a cor política desta ainda Presidente de Junta não tem qualquer relevância para o caso. Para o caso, importa sim, referir que esta ex colega meteu mãos à obra, reaproveitando, revitalizando  espaços públicos que o Estado foi encerrando ao longo dos anos.
Assim, o antigo Posto Médico daquela freguesia reabriu com algumas mais-valias, sobretudo para os habitantes mais idosos: serviços médicos prestados em regime de voluntariado é apenas uma dessas mais-valias.
A iniciativa foi notícia de jornal e acredito que o empenho, contrariamente ao protagonismo de muito boa gente de renome por este país fora, teve como única e real intenção a de servir e ajudar a população local.
São pequenos grandes gestos como este que nos enchem de orgulho e seria óptimo que este exemplo se repetisse noutros recantos do país.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

As vias rápidas do desenvolvimento (?)

Trinta e oito anos depois, este país está, aparentemente, mais desenvolvido; um desenvolvimento calculado em quilómetros de auto-estradas, claro está.
Portugal tem uma rede rodoviária (de AE's, IP's, IC's) de fazer inveja aos restantes países da Europa. "Somos" assim. Sempre "fomos" assim. Construíram-se "mundos e fundos" para depois acabarem "às moscas". 
Há dias, numa reportagem de televisão sobre o asssunto, ouviu-se a expressão "auto-estradas fantasmas". Afinal, tantos quilómetros de vias rápidas e não haver quem queira circular nelas, é deveras fantasmagórico. É como ter um Mercedes topo de gama fechado numa garagem e não poder andar nele, porque afinal o carro até é bom, vistoso e tal, mas consome que se farta.

Assisti ao nascimento e ao crescimento do troço desta via rápida que passa a poucos quilómetros do local onde me encontro.


O IC9 desfigurou paisagens, deitou abaixo casas que me habituei a ver ao longo dos anos, criou o caos nas estradas municipais, obrigou os residentes a grandes desvios, mas a obra aqui está!


Faça chuva ou faça sol, num sábado de nevoeiro, ultimam-se os preparativos para a abertura deste troço do IC9, previsto para 15 de Maio.
Sem pompa nem circunstância não terá honras de inaugurações como noutros tempos, mas...

sábado, 21 de abril de 2012

"Windows" by Chick Corea

Abertas, só mesmo as janelas para a música. Com este tempo húmido e chuvoso não há "windows" que consigamos abrir. Parece Outono...

Bom fim-de-semana

sábado, 14 de abril de 2012

Uma história terrivelmente felina

Escrevinhei esta pequena história na sexta-feira da semana passada.
Hoje, ou melhor, nestes últimos dias não teria seguramente qualquer inspiração para escrever um texto destes, mas já que está escrito e devidamente ilustrado, segue em frente. Dedico-o a uma pessoa muito especial ...
(Por motivos pessoais, este blogue encontrar-se-á inoperante por tempo indeterminado)

Uma história em forma de gato

1-2-3
Era uma vez...
Sem raça definida, gente que quis ser gato
De Torcato
Para Maltês
Assim aconteceu uma vez

Dizia o gato Maltês:
Vou dormir o ano inteiro
Só acordar em Janeiro!

Comida boa, eu vou querer
Dispenso sobras, restos e outros disparates
Que eu agora só como Kitkat's

A minha dona passou-se dos carretos...
(Ou será do carreto?)
Não é que agora
Só faz compras num tal Gato Preto?!

Não quero mais pires, tigelas ou pratos
De hoje em diante exijo
chávenas finas com motivos "abstractos"

Sabe a senhora onde o gato das botas 
Compra o calçado?
- Sei sim!
Vou já a correr ao Chiado
Comprar umas para mim

No Verão viajo até Gatorrelix
Visitar os meus primos
Simon, Garfield e Felix

Agora que a história está a acabar
Tentem lá adivinhar
Qual é o meu programa preferido?
Os Gato Fedorento, é certo e sabido.


Depois deste aparato
Talvez opte pelo celibato
Esqueça de vez 
Perseguições a gatas e ratos
E mude definitivamente
para a Rua dos Gatos

 (fica na Baixa de Coimbra)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

"Coisas que não há que há" de Manuel António Pina

Há umas semanas, "devorei" um livro da autoria de Manuel António Pina - Queres Bordalo? - enquanto esperava a chamada para uma consulta.
Estou grata à pessoa que me ofereceu este livrinho de contos porque me fartei de rir com os meus botões.
Para que conste; quando eu for grande também quero escrever assim, com engenho e graça! 


Coisas que não há que há 
           de Manuel António Pina

Uma coisa que me põe triste
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há,
bichos que já houve e já não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que eu nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num sítio onde só eu ia...

Manuel António Pina  é um poeta português natural do Sabugal, Beira Alta. É licenciado em Direito mas, para além de escrever poesia e livros infantis, sempre se dedicou ao jornalismo (informação retirada de http://casadospoetas.blogs.sapo.pt)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dia 1 de Abril sem águas mil

Houve um prenúncio de mau tempo, ontem dia 1 de Abril. Foi tudo mentira.
Trovejou. Tudo indicava que ia cair muita água, mas não. A chuva que caiu, foi "sol de pouca dura".
Pus-me à janela. Assisti à mudança da cor do céu mas o melhor mesmo, foi sentir o cheiro das laranjeiras em flor.


E ao cheiro, juntou-se o frenesim sonoro do abelhame que saltitava de flor em flor.


Nisto passa uma rola atordoada. Sigo-a de outra janela...
Poisa, claro está, em cima do poste telefónico à espera do tempo que há-de vir. Já é habitual.


No horizonte, o céu continua carregado de nuvens cinzentas e um moinho solitário no alto do monte, de "braços abertos". O monte é conhecido por "Cabeça" e diz-se que no Verão, em dias limpídos se avista o reflexo do mar...

quinta-feira, 29 de março de 2012

"Mas onde moras, ó tempo, que não te consigo achar?"

 O TEMPO  por Luísa Ducla Soares

Pelas areias da praia
o tempo fui procurar.
Mas onde moras, ó tempo,
que não te consigo achar?

Pelos verdes da floresta
o tempo fui procurar.
Mas onde moras, ó tempo,
que não te consigo achar?

Pelas pedrinhas da rua
o tempo fui procurar.
Mas onde moras, ó tempo,
que não te consigo achar?

Tiquetaque, o coração
é um relógio a bater.
O tempo que não achei
Já me fez envelhecer.

Poema retirado da obra infantil "A Cavalo no Tempo", de Luísa Ducla Soares (Ilustrações de Teresa Lima) - Civilização Editora

segunda-feira, 26 de março de 2012

"Cloudbusting" e a máquina de fazer chuva

Já não bastava o famigerado cenário sócio-económico, mais a ditadura imposta pelos denominados mercados financeiros, mais o facto de nos tornarmos - ou quererem à força bruta que nos tornemos - em meros figurantes deste "filme"; eis que o tempo meteorológico resolve brincar com coisas sérias. 
O que já era complicado começa a ser desolador, principalmente para quem espera da terra, as batatas ou outro alimento.
A ausência de água também pode ser fonte de inspiração, infelizmente. 

«Once upon a time, a big and a grey cloud fell in love with a little flower...» ou quem sabe, o contrário...

Nem a propósito, lembrei-me deste "Cloudbusting" dos anos 80 e da máquina de fazer chuva que este vídeo mostra. Dava jeito agora!

segunda-feira, 19 de março de 2012

A "Song For My Father" - Horace Silver

De volta "à antena",  excepcionalmente pelo dia que é.
Para o meu, que já não está entre nós, para todos os pais deste mundo e do outro... Um feliz dia do PAI.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Volto na Primavera

Quando eu voltar, as flores brancas da ameixoeira terão largado suas pétalas brancas e o chão cobrir-se-á de um belo manto branco. O tempo terá passado e largado suas horas, minutos e segundos pelos dias já em adiantado estado de crescimento ... Um lagarto escondido algures, há-de regressar e "espraiar-se" ao sol no estore da minha janela. A rola continuará o seu arrulhar no meio da folhagem do cipreste e o rouxinol voltará a cantar, lá para Abril ou Maio.
O ciclo da natureza é o ciclo da nossa vida.
Por alguma razão se diz, a quadragésima sexta Primavera já cá canta!
Por aqui me fico.Voltarei na Primavera de cara lavada.

terça-feira, 13 de março de 2012

Simon's cat - O gato que queria lixar a vida do seu dono

Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. 
Se um gato infernizar a vida do seu dono (ou dona) quando este estiver em plena actividade... computacional; isso não é maldade do felino. Não é!... Os gatos até são nossos amigos. Às vezes.
Os actos tresloucados destes animais para com a indiferença humana, especialmente para com aqueles que têm a nobre função de os tratar com afecto e comida, costumam enquadrar-se num vasto conjunto de teorias a que alguém (eu) denominou por: "ou me dás atenção ou lixo-te a vida e o PC!" (ver vídeo).
Portanto já sabem; quem não presta a devida atenção ao seu gato de estimação está sujeito no final, à demonstração prática desta teoria.
Smiley

segunda-feira, 12 de março de 2012

O "Palco do Tempo" no filme José e Pilar

Os Noiserv  participaram na banda sonora do filme/documentário sobre José Saramago e Pilar del Rio com este "Palco do Tempo".

«... Em 1986, Pilar del Río conhece o escritor português José Saramago, após ter lido todos os seus livros publicados em espanhol e ter pedido para o conhecer pessoalmente[1]
Dois anos mais tarde, em 1988, casam-se ...» - retirado de pt.wikipédia.org

Pilar, a mulher, foi indubitavelmente um pilar importante na vida de Saramago.
Gosto da letra desta música ... e gosto da última frase deste vídeo de apresentação.
Afinal, "... tudo pode ser contado de outra maneira."

 
É o palco do tempo
Sem tempo a mais
São voltas às voltas
Por querer sempre mais

É um verso atrás
Um degrau que não viu
São curvas as rectas
Num final não vazio

É o palco do tempo
Sobre o tempo a mais
São voltas à espera
Que não vivendo mais

sábado, 10 de março de 2012

Babooshka

Um suposto teste de fidelidade é o tema desta música de 1980, interpretada pela cantora britânica Kate Bush. Babooshka é afinal, o pseudónimo da mulher (esposa) que tenta reconquistar o marido... No final, uma estranha sensação de "déjà vue" percorre a mente de um deles.

"She wanted to take it further,
So she arranged a place to go,
To see if he
Would fall for her incognito.
And when he laid eyes on her,
He got the feeling they had met before"

Não deixa de ser interessante constatar, como há 32 anos atrás, esta música que eu ouvia dezenas de vezes na rádio, apresentava um conteúdo que me passava completamente ao lado (não admira... eu tinha 13 anos!)
Passado este tempo todo, pegamos nestas memórias musicais da adolescência e conseguimos "dissecá-las" com outra maturidade, outro olhar, outra atenção.
À semelhança de outros vídeos de Kate Bush, confesso que este também tem algo de verdadeiramente "je ne sais quoi".
Bom fim-de-semana.

terça-feira, 6 de março de 2012

Relógios...medievais

Agradeço a amabilidade das pessoas que me apresentaram  o "Orloj", o famoso relógio astronómico medieval, exposto na fachada principal da Catedral de Praga (República Checa).
(Mais informação aqui)
Através deste belíssimo relógio, acabei por descobrir algumas obras de arte no que toca a representação e contagem do Tempo...
Voltando à República Checa, em Olomouc, existe um outro relógio astronómico que faz as delícias dos turistas.
Este, porém, já não está conforme o original (uma pena!).
Sofreu vários restauros e remodelações ao longo da sua existência. Os bombardeamentos alemães durante a guerra causaram-lhe a destruição parcial mas as ideologias políticas vigentes à época encarregaram-se do resto.
Personagens como operários ou trabalhadores do campo passaram a substituir as antigas figuras barrocas. Mesmo assim, não deixa de ser um relógio surpreendente.
Um dia, quem sabe, vou poder ver um deles ...

segunda-feira, 5 de março de 2012

Não importa a quantidade mas sim a qualidade do tempo que queremos ter

Ao encontrar, por mero acaso, este vídeo sobre o valor e a importância do Tempo no tempo individual de cada um, chego a esta fatídica conclusão: é comum, as pessoas começarem a valorizar o Tempo, os outros e elas próprias, a partir do momento em que um azar ou uma desgraça lhes bate à porta.

                                          (imagem retirada do Google)

Creio que esta, é mais uma afirmação minha sem qualquer novidade. Alterações como estas, são reveladoras de que o Tempo é, no fim de contas, muito mais importante do que nós pensamos, e, no entanto, pensamos muito pouco nisso. 

 
Este vídeo foi inspirado neste.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

"Instruções para dar Corda no Relógio" - Cortázar

Que beleza de texto, este, do escritor argentino Julio Cortázar...

lnstruções para dar Corda no Relógio – Cortázar

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Demagogia:será uma variante da retórica para tentar enganar os tolos?

A maioria dos nossos políticos (e outros, apadrinhados por estes) são verdadeiros especialistas em DEMAGOGIA.
A demagogia é uma palavra de origem grega que significa "a arte de conduzir o povo" (Wikipédia). Porém, o conceito desta arte de conduzir o povo sofreu ao longo do Tempo, uma evolução semântica. O demagogo era considerado na Grécia antiga, o chefe ou condutor do povo, sem que houvesse qualquer sentido pejorativo associado à palavra.
Com a chegada de novos líderes como Platão e Aristóteles, o demagogo passou a utilizar a lisonja e os artifícios oratórios para impressionar e enganar o povo.
Estamos a falar da Antiguidade clássica, uns bons anos Antes da era Cristã, e, julgo que o conceito de demagogo como "aquele que diz ou propõe algo que não pode ser posto em prática, apenas para obter benefício ou compensação" (Wikipédia), ganhou raízes profundas ao longo dos tempos, na maioria dos chefes e condutores dos povos.
A demagogia está intimamente ligada à política e a prova de que temos tido grandes demagogos a (des)governar este país, está à vista de todos.
O dia 5 de Junho poderá ser um dia histórico se todos contribuirmos para isso. É pois, necessário e urgente, correr com as demagogias instaladas e demais demagogos que são, desde há muito, os principais responsáveis pelo estado actual do país.

Termino com a Lena d'Água que cantava este "hino" anti demagogia, corria o ano de 1982.
Mais uma vez, o passado na vanguarda do presente.


        DEMAGOGIA - letra e música de Luis Pedro Fonseca

Dão nas vistas em qualquer lugar
Jogando com as palavras como ninguém
Sabem como hão-de contornar
As mais directas perguntas

Aproveitam todo o espaço
Que lhes oferecem na rádio e nos jornais
E falam com desembaraço
Como se fossem formados em falar demais

Demagogia feita à maneira
É como queijo numa ratoeira

P’ra levar a água ao seu moinho
Têm nas mãos uma lata descomunal
Prometem muito pão e vinho
Quando abre a caça eleitoral

Desde que se vêem no poleiro
São atacados de amnésia total
Desde o último até ao primeiro
Vão-se curar em banquetes, numa social

Demagogia feita à maneira
É como queijo numa ratoeira