domingo, 27 de março de 2011

Sugestões de Leitura - Marginal (Poemas e breves cantigas)

"...Acho que escrevo sempre o mesmo poema. As palavras é que são diferentes..."                                                Vieira da Silva

Nascido há 64 anos, em Ílhavo, António Manuel Vieira da Silva, é o autor da sugestão de leitura de hoje.
Marginal (Poemas breves e cantigas), foi editado pela MC - Mundo da Canção, em 2002. A 2ª edição deste livro aconteceu em Junho de 2010 e como o Tempo tem uma especial atenção neste blogue, gostaria de transcrever as frases finais do seu prefácio; um regresso ao passado que me agradou particularmente.

«Éramos jovens, dizia, e pensávamos. Ílhavo não era cidade, era outro lugar:  nem melhor nem pior, apenas outro. No Verão apanhávamos camarinhas e íamos, de bicicleta ou de dedo esticado, para a Costa Nova. Depois apanhávamos a barca para A Bruxa, onde havia uma jeropiga que parecia ser a melhor coisa do mundo e havia os mundos que nós inventávamos. No Inverno ficávamos pelos cafés do costume, com uma ou outra escapadela pelo meio. Se não fosse o clima aceso da época dir-se-ia que não se passava nada - e no entanto, passava-se tudo: apaixonávamo-nos, descobríamos os mundos do mundo, ouvíamos a música dos silêncios, cavalgávamos o Sete Estrelo.
Agora, Ílhavo mudou, como o País. Novas ruas, vistas renovadas, prédios que foram abaixo e levaram com eles a memória das pedras. Nós, todos, também mudámos. Para melhor ou para pior, para mais longe ou para mais perto, partimos. Mesmo os que ficámos. E, sobretudo, vivemos. E de termos vivido o que vivemos nunca me arrependi, e tenho a certeza que o Vieira da Silva também não. Porque, se calhar, o que distingue os poetas das pessoas normais é mesmo só isso: ser capaz de descobrir, sempre, um mundo novo à sua volta, onde quer que seja; elevar as palavras à condição de diamantes, sem se deixar ofuscar pelo brilho; saber que os poemas só valem a pena quando têm gente lá dentro, como ossos, nervos, veias, emoções. Porque o sonho, esse, vale sempre a pena. Nós sabemos, porque voámos.»   
                                  Viriato Teles - Lisboa, 29 de Dezembro de 2001

Termino com dois poemas breves ...
                                        Bilhete       
                                                 
                                            Hoje
                  não ouvi o que disseste                                          

                                           estive                              
                                   preocupado                                                  
            em ouvir o que não disseste 

                                  Pensamento                                      
                           
                               O pensamento
                   devia ser aquele relógio

       existir enquanto a corda durasse

                          e que bom que era
                   poder partir-lhe a corda

                                Vieira da Silva, in Marginal, páginas 30 e 32
                                                       
                                                  (À venda aqui                                       

sábado, 26 de março de 2011

O "Bem Bom" Doce amargo dos Passos de dança do Coelho

Lembram-se da primeira girls band nacional: As Doce? Embora não fosse o género de música que eu apreciasse, hoje, faço questão de falar nelas.
Foi "bem bom", o Tempo em que estas raparigas jeitosas, mostraram ao país os seus dotes...vocais, é claro, e, fizeram suspirar muitos homens por esse Portugal fora, corria a saudosa década de 80.
Consta que uma destas moças viria mais tarde a desposar o líder do PSD. Actualmente e para infelicidade nossa, candidato ao cargo de Primeiro-Ministro deste país à beira de um derradeiro ataque de nervos.

Meus senhores e minhas senhoras; Peter Steps Rabbit, é agora o meu nome de eleição e não quero outro para designar este senhor. 

Bem bom, foi saber então, que os dotes de uma das cantoras das "Doce", provocaram uns anos mais tarde, suspiros de paixão no Steps Rabbit, à época, ainda um mero aprendiz na arte da politiquice. Mas como era bem parecido, giro e tal, lá escapou e acabou por desposar a Doce Fátima.
Viveram felizes, até que o Bem Bom acabou...(acontece aos melhores) Smiley
Apesar do Tempo que durou essa Doce união, o Peter, não se dignou aprender um passo de dança sequer com a ajuda da Sweet companheira (imaginem se tivesse aprendido...).
No entanto... Pedro Passos Coelho, aliás, Peter Steps Rabbit, o tal que não dança (ou dança muito mal, segundo as suas palavras), já nos quer por a nós, a dançar o fandango ao som da sua música. 
Por esta razão, eu, que sou uma insignificante trabalhadora e funcionária do Ministério da Educação, gostaria de deixar uma mensagem a este senhor: pode ter sido bem bom, a qualquer hora da manhã... os tais dois dedos de conversa, ouvir um disco antigo ou tomar um café pr'a dois, etc, mas... oh meu "amigo", bem bom seria, se não começasse já, a cantar de galo.
"Às duas por três, quem sabe onde isto irá parar..." não é verdade?
Um aparte) Ainda hoje, olho para isto e questiono-me se a rapariga loira das "Doce" estava ali para enfeitar, se para cantar. Este, é mais um vídeo verdadeiramente "giríssimo" e super "criativo"; mesmo à "anos 80" !!! 
BOM FIM-DE-SEMANA!

domingo, 20 de março de 2011

Léo Ferré - "C'est le Printemps", mes amis!

Segundo o Observatório Astronómico de Lisboa, em 2011, o equinócio (dia igual à noite) da Primavera ocorre no dia 20 de Março às 23h21m. 
A estação da luz, das cores, dos cheiros, das flores e do chilrear dos passarinhos, prolonga-se por 92.79 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Junho às 18h21m. 
E mais palavras para quê?! O Tempo, este inseparável e intolerante companheiro da humanidade, passa por nós a correr, e, não tarda, já é Verão outra vez!
 

sexta-feira, 11 de março de 2011

E se o Tempo estiver com as horas, os dias contados?...

E se o Tempo estiver com os dias contados? E se o Tempo estiver de abalada? ... E se o Tempo estiver com o tempo contado? (não se perde nada, penso eu...)
É incrível, pensar na rapidez com que se elimina todo o conteúdo de um "passatempo" blogosférico, através de um simples clique.
Um segundo; basta apenas um segundo para apagarmos a escrita de meses: textos com mais ou menos inspiração, textos pequenos, textos grandes, textos sem pés nem cabeça, textos de corpo inteiro, textos engraçados, textos tristes, textos dos outros, textos de indignação, textos com dedicação... tantos.
Este texto por exemplo?! Não sei defini-lo, mas também... pouco importa.
Bom fim-de-semama, ao som da música dos anos 60 (NO TIME - The Guess Who, 1969)



terça-feira, 8 de março de 2011

SOBRE O CROMOSSOMA XX


 "La femme au chat" -  Auguste RENOIR (1880)

Se vos falasse agora de cromossomas, de núcleos, de mitose, de células, de cadeias de proteínas, de genes, de ADN, etc, etc, aposto que desistiriam de ler o restante conteúdo desta mensagem, e mais uma vez iriam pensar que ensandeci (não! Ainda não é desta!).
Os cromossomas XX são, como se sabe, aqueles que determinam o sexo nos indivíduos, neste caso, o sexo feminino. 
Hoje, 8 de Março, é o dia que muitos e muitas, aproveitam para enaltecer a grandiosidade da nossa espécie, embora já tenha afirmado vezes sem conta; a celebração de dias com datas pré definidas no calendário são sempre que um homem (ou mulher) quiser.
        
Mesmo que os relatórios da ONU revelem que há 57 milhões de homens a mais que mulheres em todo o mundo (estará o planeta perante a extinção, a longo prazo, do sexo feminino?!), que os homens estejam em minoria no continente europeu, que as mulheres continuem a maioria entre a população idosa em todas as regiões do mundo, que 32% das mulheres morram mais de doenças do coração contra 27% dos homens, que as mulheres sejam as maiores vitímas da violência no mundo, que as mulheres continuem a sofrer de descriminação no trabalho ganhando menos que os homens e façam jornadas de trabalho mais longas... Por mais que escrevam ou que digam horrores, o mundo, sem a espécie cromossomática XX ficaria uma desgraça, um jardim sem flores, um deserto, uma pasmaceira,...
É portanto, de todo o interesse para a humanidade, tratar esta espécie com todo o cuidado e carinho. (Se um dia nos extinguimos, quero ver depois, como é!... )
Apetece enviar para todas as Mulheres do mundo, em especial para as minhas amigas de carne e osso, leitoras ou seguidoras, um forte abraço.
Termino parafraseando, o poeta, o compositor e cantor Jean Ferrat; le poète a toujours raison, la femme est l'avenir de l'homme...
(Désolée pour les hommes...) ;)
(este tema continua nos próximos "episódios")

segunda-feira, 7 de março de 2011

"Pão-de-forma", hippies e o Woodstock

Revivalismo, saudosismo ou simples parvoíce, aproveitar o espaço de um blogue para escrever sobre esta carripana de quatro rodas. Esta carripana, não sendo propriamente do meu Tempo, considero-a ainda assim, símbolo da geração "the love generation", nas décadas 60 e 70.
Enquanto a Citroen não satisfaz o desejo de requinte dos saudositas de outro ícone automóvel - o 2 Cavalos; a marca alemã Wolksvagen já se encarregou de o fazer com a chegada do novo modelo do conhecido "pão-de-forma", a mítica carrinha dos anos supra mencionados.

Ao ler esta notícia, de imediato, a minha mente desceu "às catacumbas do Tempo", mais precisamente, à época da tresloucada geração hippie.
Free Smiley Courtesy of www.millan.net 
Hippies!!... jovens de cabelo comprido, fita ou coroa de flores na cabeça, fumavam umas ervas estonteantes que os deixavam, psicadelicamente falando, como passarinhos voando sobre nuvens coloridas. 
Embuídos de uma filosofia de vida muito própria; os hippies eram ecologistas, vegetarianos, contestatários, apartidários e sobretudo, pacíficos. Assumiam-se como a contracultura da época, cujo famoso slogan "Make Love Not War" ainda me lembro de ver quando era criança, numa das paredes da estrela deste "passatempo" virtual. 
Um slogan que fazia todo o sentido tendo em conta, a inutilidade da guerra (todas as guerras são inúteis) entre a América e o Vietname, que servia apenas para consumir as vidas humanas e os doláres de uma nação onde o capitalismo, em ascensão dava já, sinais preocupantes de desigualdades económicas e sociais.


Pois, esta carrinha "pão-de-forma", lembra-me os hippies e estes, por sua, lembram-me o festival Woodstock, em 1969.
Por cá, os jovens eram mandados, a bem ou a mal, para o combate na guerra colonial; vivia-se a medo por culpa de um regime salazarento que tudo fazia para atrofiar e calar as mentes insurgentes (acredito que os "hippies" nacionais dessa altura, não tiveram vida fácil...).
Este movimento contracultura, hippie (o que ele simbolizava e representava) ficou para sempre associado ao festival Woodstock e como não podia deixar de ser, alastrou pelo Europa fora.
Em Portugal, creio que encontrou terreno fértil para crescer, em Coimbra, através da conhecida crise estudantil de 69. Mentes brilhantes, corajosas e cheias de audácia, souberam aproveitar a onda da "Flower Power" e da "Peace and Love" de tal forma que, uns anos mais tarde, em 1974, a gigantesca mordaça nacional que oprimia o povo, seria finalmente retirada.

 

terça-feira, 1 de março de 2011

Uma homenagem ao Sol

Depois da chuva, o Sol. E que bom é, voltar a vê-lo brilhar!

                             (desenho de T, 8 anos, futuro pintor de quadros) 


O Sol é uma bolacha amarela do tamanho do mundo, disse ontem, um menino ou uma bola de futebol gigante muito quente, dizia outro.
É verdade que o Sol, quando nasce é para todos mas, nem todos o podem ver...
Eu gosto do Sol.
Se eu pudesse, inventava um sol de trazer no bolso que coubesse dentro das malas, das pastas, dos bolsos... Um mini Sol, que estivesse sempre à mão, nos dias frios, nos dias de chuva, nos dias mais tristes...
Se eu pudesse, desenhava-lhe uma boca para que ele nunca deixasse de sorrir para os homens, mulheres e crianças da terra.