sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Chumbe-se e encerre-se o país e pronto!

"Em águas de bacalhau", é o termo adequado para este post começado no dia 1 de Agosto e que teima em não querer sair do rascunho. Vamos lá a ver se é desta, visto que ontem, a tecnologia, me pregou uma partida...

Gostava de vos falar sobre  Educação, mais concretamente sobre as últimas polémicas à volta dos temas: encerramento de escolas e chumbos de alunos.
Os discursos dos governantes nem sempre são o retrato da realidade; falam, discursam e têm uma conversa que é para mim, mais palha do que essência. Por esta razão, como cidadã interveniente, sinto-me no direito de contestar e discordar relativamente a políticas e ideias, veiculadas por esta gente que decide dentro dos gabinetes,  sem qualquer conhecimento daquilo que realmente se passa no terreno.
Falando de palha...antigamente, era a comida com que se alimentavam os burros e se, eu sou uma das muitas pessoas deste país que Eles querem incluir nesta espécie, então, prefiro comer algo bem mais saboroso do que palha, que é, alimento seco e cujas vitaminas já se evaporaram com o processo de secagem (ou não?!...Mentes esclarecidas desse lado!Peço-vos uma achega sobre esta fuga de vitaminas...).
Dêem-me, antes, espinafres, agriões, couves, cenouras, beterraba ou qualquer coisinha mais fresquinha que a burrinha cá da "Parvolândia da Serra", prefere, e, agradece.
Aliás, o burro, era animal que não faltava por aqui e eu gostava bem de andar no burro que o meu avô tinha. Lembro-me perfeitamente deste aviso que tantas vezes me fazia: "Não passes por detrás do burro que ele dá-te um coice!". E eu,  nunca passava.
Bem... adiante.

Encerramento de escolas, ponto um.
Nem contra nem a favor. Depende... Sei que há escolas (muitas) num estado deplorável, sem o mínimo de condições à luz das comodidades que hoje se exigem para o bem-estar e desenvolvimento da criança.
A taxa da natalidade continua a decrescer e isso é cada vez mais notório nas escolas nacionais; um reduzido número de crianças inviabiliza certo tipo de tarefas e noutros casos, são 4 níveis de escolaridade numa só sala, que acaba por se revelar, pedagogicamente desgastante para o professor e pouco proveitoso para o aluno. Tudo é justificável e compreensível, mas não haveria outra forma de reorganizar a rede escolar?

Lá dos gabinetes e das salas de imprensa, dizem-nos que as crianças serão mais bem acompanhadas, terão novas oportunidades de aprendizagem e outras mais-valias na escola de acolhimento. A tal conversa seca, estruturada à custa de alguma palha, porque quem anda no terreno e dá o corpo ao manifesto, sabe que isto não é tão verdade como nos querem fazer crer. Nem todas as escolas, são os tais Centros Educativos que o Governo tanto publicita. Por vezes, nestes aglomerados educativos, encontramos mais indisciplina, tanto ou mais insucesso escolar, meios tecnológicos desactualizados, avariados ou a funcionarem muito mal e o mais grave; ao aumento do número de crianças, nem sempre corresponde a colocação de mais recursos humanos.
E sendo assim, transfira-se a criançada toda numa de " TODOS AO MOLHO E FÉ EM DEUS" porque entre " MORTOS E FERIDOS, ALGUÉM HÁ-DE ESCAPAR"!


Em suma, as turmas aumentam mas o número de professores diminui. O sistema continua a não dar resposta com a colocação de mais  profissionais, nomeadamente, para apoiar milhares de crianças com dificuldades de aprendizagem e cujo número, aumenta anualmente de forma assustadora.

Os chumbos, ponto dois.
A ministra da educação, Isabel Alçada, senhora que eu muito admiro enquanto escritora, esteve ocupada durante as férias do Verão, a terminar uma nova saga da já famosa colectânea " Uma aventura...".
Desta vez, acredito que esta nova saga, terá um enorme insucesso a avaliar pelo título " Quanto vale um chumbo no meu país?"
Confesso que este atentado descarado e continuado ao ensino público em Portugal, está a deixar-me com os nervos à flor da pele. A única forma de eu não enlouquecer já, ou nos próximos tempos com estas novas orientações, é não remeter-me ao silêncio e dizer o que me vai na alma.
Vejamos então o que diz a titular da pasta educativa nesta matéria:

1
Não tem contribuído para a qualidade do sistema, porque o mesmo sistema/ministério da educação insiste em poupar na colocação de professores de apoio (socio-educativo) e ensino especial.
O sistema não coloca também, psicólogos em número suficiente nos Agrupamentos, onde existe apenas um, para servir uma população de milhar e meio de alunos, do 1º ao 12º ano. Outros técnicos... terapeutas da fala; nem se "fala"!!!... Logo, no meio desta escassez de recursos humanos especializados, os penalizados  são por norma, sempre os mesmos: os alunos com problemas de aprendizagem e de comportamento.


                  2
Também eu queria que os alunos se dedicassem mais intensamente a obter bons resultados. Quem não quer?!...Parece-me que neste ponto, estamos todos de acordo. No entanto, fico com a sensação de que, este, é um desejo solitário. O (eterno) problema da falta de TEMPO e de acompanhamento dos encarregados de educação para com os seus educandos, é um "mal" crónico. Incutir valores, regras e hábitos de trabalho, é tarefa trabalhosa e, ocupa o TEMPO que muitos não têm.
A maioria da criançada não tem brio e nem se esforça para isso, porque até sabe que não irá chumbar e nem será penalizada lá em casa pela sua falta de empenho ou má criação na escola.
Perante tanto e tão pouco, digam-me lá, se não é ingrata, a vida de um professor?!

3
Pois precisamos! Mas antes, devíamos olhar para o nosso. 
Mas enquanto não olhamos com olhos de ver cá para dentro, vamos lá espreitar o que os outros países como a Finlândia, a Noruega, a Suécia andam a fazer de tão bom que todos querem imitar.
O primeiro, a Finlândia, considerado de uns tempos para cá, o novo "El DORADO" pedagógico, continua a ser a referência que muitos governos querem seguir, embora alguns, sigam apenas, aquilo que lhes convém.
Aliás, os governantes portugueses têm esta mania insistentemente irritante de quererem comparar e importar os modelos educativos dos países nórdicos. Desde quando, os factores culturais, a formação escolar da nossa população, a nossa economia, etc, etc, podem ser comparáveis com um povo do Norte da Europa?

Este artigo de Henri Charpentier ("Systèmes scolaires et équité sociale" de 2007), ajuda-nos a perceber o sucesso da Finlândia:

(...) Por um lado, a Finlândia é um país que cuida da sua escola, dotada de estabelecimentos relativamente de pequena dimensão (o número médio de alunos por estabelecimento é de 167 contra 512 em França). Refeições quentes, transportes e material escolar gratuitos, estrutura cuidada, tudo está feito para prestar um acolhimento, o melhor possível aos alunos.
Essencialmente, parece-me que este sucesso se deve atribuir a uma filosofia educativa, como aliás, em todos os países escandinavos (Suécia, Noruega, Dinamarca).
Estes países foram os primeiros a instaurar uma verdadeira escolaridade única (dos 7 aos 16 anos), sem hierarquias, sem fileiras, sem avaliação penalizadora ou problema de «transição para o ano seguinte». Os percursos dos alunos são invidualizados. 
Na Finlândia, a máxima é «cada aluno é importante». Quando surgem dificuldades, o aluno passa a ser acompanhado por uma equipa de professores. A diversidade dos ritmos das crianças é a maior preocupação e o "chumbo" é excluído, salvo em caso excepcional (...).
Os métodos pedagógicos privilegiam a actividade dos alunos e a cooperação (famílias-escolas, professores de várias disciplinas, entreajuda entre alunos de diferentes idades). De referir que, nestes sistemas, os estabelecimentos escolares beneficiam de uma grande autonomia, e que a «obsessão» de cumprir o programa prescrito pelo ministério é algo desconhecido na Finlândia"

Gastos com a educação: os "mãos largas" e os "forretas"
  

A polémica  gerada em torno do "chumbo", não é exclusivamente nossa. Segundo as leituras que fiz, os franceses iniciaram-na antes de nós e, para que conste, a França é tida como a campeã do chumbo, na Europa.

Contra o chumbo escolar...

Alguns "especialistas" nesta matéria (gostava de saber o que se entende aqui por "especialistas"- serão pedagogos ou economistas?), defendem as suas posições contra o chumbo, alegando que este, se revela ineficaz, penalizador, caro e injusto. Na França, um aluno que reprova, custa à nação cerca de 6100 €, como tal, "abolir" o chumbo, permitirá uma melhor gestão do fluxo dos alunos no sistema educativo, e logo, a tal economia de custos.

A favor do chumbo escolar...

Aos mais conservadores, resta-lhes a divulgação destas teorias:
"...passar para os anos seguintes, alunos demasiado fracos, é destruí-los psicologicamente..." ou ainda " ...porquê então suprimir os chumbos quando não se coloca na prática qualquer dispositivo pedagógico complementar?" e para terminar, esta:
"Ninguém quererá saber quanto custarão à sociedade todos estes maus aprendizes que se encontram no ensino e sairão do sistema sem qualificação"
                                                In Sciences Humaines.com

Nota) A tradução foi minha, por isso, desculpem qualquer gralha.

Espero ter contribuído para a vossa reflexão e perante o exposto, não restam dúvidas de que, a educação, a saúde, a cultura... lutam ingloriamente contra um demónio chamado corte orçamental.
Daqui por uns bons anos, veremos o resultado de tudo isto.
Quando isso acontecer, é possível que eu já não esteja cá para ver... E ainda bem!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O tempo, o vento e a menina

Ontem, foi dia de visitas. Dificilmente uma pessoa consegue desligar-se da profissão, até mesmo nas férias. Devia ser proíbido pensar em "trabalho" num TEMPO supostamente reservado ao lazer e ao descanso. 
Mas bom... podia acontecer algo bem pior do que receber a visita de uma criança (ex aluna) e divertir-me com ela a fazer uns poemas e uns desenhos sem pés nem cabeça...

Nota) O desenho é da minha autoria, apenas fui desenhando aquilo que me foi pedido, mas atenção!... Não tenho o mínimo jeito para desenhar!!! Na melhor das hipóteses, estaremos perante uma espécie de pintura muito naif  que é, neste caso concreto, uma forma de desenhar também muito influenciada pela profissão.




                                                                    Poema                                                                   
           O tempo e o vento


Tempo que deixa uma menina pendurada
é tempo que não vale nada.
Tempo, hoje vi-te fugir de mim 
não gostas de mim, assim?!
Tempo , tempo, tempo
por três vezes a menina te chamou,
tu, embalado no vento que te levou
nunca mais voltaste
Tempo, tempo...
 mas que grande traste!


Eis o desenho da verdadeira artista


quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Ir a Marte e voltar, um dia quem sabe...



                                            (imagem Google)

O calor traz-me à mente conversas sobre água; sem dúvida um bom tema para refrescar as ideias neste TEMPO quente. E a propósito de água... se ela existe em Marte, não dou muitos anos para que se torne fonte de cobiça e de toda a espécie de interesses económicos por parte de certos humanos.

Enquanto o cidadão comum vive o seu dia a dia preocupado com a vida, o trabalho, as contas, etc, etc, os cientistas norte-americanos continuam numa incessante procura pela descoberta de vestígios da famosa molécula de água H2O.


Reza a história imaginária de determinadas cabeças hipercriativas que do planeta Marte, vêm os marcianos, seres conotados com a cor verde, que na realidade, nunca, nem ninguém, conseguiu comprovar a sua existência e, muito menos, a sua cor. 

Por isso, eu também me achei no direito de inventar o meu marciano! Num ápice, saiu-me este... Não lhe dei cor... mas quis que tivesse um ar simpático, rechonchudo e com um aspecto um tanto ou quanto infantil. (provavelmente, o meu desenho fará lembrar um porquinho mas não faz mal...)
                                                                                                                    

Quem sabe então, se no 4º planeta a contar do Sol, não teria por lá habitado uma espécie "humanoíde" parecida connosco (ou nós parecidos com ela)?!... 

Consta que Marte tem semelhanças com a Terra: tem um dia com uma duração muito próxima do dia terrestre, tem quatro estações como nós, planícies, antigos leitos de rios secos... Recentemente, descobriram um lago gelado (a informação é da Wikipédia), indicando que, se não houve vida para aqueles lados, existe por estas bandas, quem lhe queira arranjar uma, à viva força; daí, eu compreender a trabalheira toda da comunidade científica, na descoberta dessa substância essencial à vida, a água. 
Mas, todo este interesse, para mim, traz "água no bico". Ora... dando largas à nossa imaginação, pensem lá comigo... Os cientistas que fazem muita questão nesta descoberta, têm também uma intenção mais secreta: deixarem o caminho livre a alguns terráqueos mais ousados para fazerem depois, a exploração económica do planeta Marte, transferirem para aí uma boa parte da Humanidade e fazerem por lá, mais ou menos o mesmo, que fizeram por cá!

Eu, pessoalmente, sou contra uma possível exploração económica de um novo planeta feita à imagem e semelhança do planeta Terra. Se é para mudar alguma coisa e mudar gente para um planeta novo, acho que deveria haver alguma inovação, não sei bem o quê, mas teria de haver algo muito inovador, mesmo.

Se acaso, existir por lá alguma forma de vida, ou eventualmente algum marciano, gostaria que estes habitantes
ensinassem os terráqueos a viverem sem telemóveis, sem dinheiro, sem computadores, sem net, sem televisões, sem jornais, sem automóveis (ou outros meios de transporte) e por aí adiante.

Para terminar, perguntas pertinentes (ou não): Conseguiriam os terráqueos sobreviver (muito tempo) sem alguns "vícios" próprios da sua civilização? Melhor; a falta destes "vícios" civilizacionais, iria ou não, levar os ditos, à loucura?

A falta destes tais "vícios" característicos da civilização, poderia conduzir a uma mudança de hábitos de vida mais saudáveis, por isso, seria uma questão dos terráqueos levarem  o seu TEMPO até se habituarem.
Acho que encontrariam outras formas de coexistência e de vida em sociedade, igualmente interessantes. Digo eu...   

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Um "Estranho Quotidiano" com direito a vídeo-reportagem

Um curto intervalo nas brevíssimas "férias" deste blogue, para divulgar uma informação que me foi, entretanto, dada a conhecer. 
Circula no famoso You Tube, desde o dia 9 de Junho, uma vídeo-reportagem realizada pela esectv (suponho que será a Escola Superior de Educação de Coimbra) sobre o livro acima mencionado e com os comentários a cargo do próprio autor: J.L.Pio Abreu. Uma referência que chegou na hora certa, sem dúvida.
São 5 minutos e 10 segundos para ver, ouvir e reflectir. 
Fiquem bem. 

quarta-feira, 28 de julho de 2010

sugestão de Leitura

"Quem nos faz como somos", foi editado pela D.Quixote em 2007 e o seu autor é J.L.Pio Abreu, autor de outro livro aqui (e aqui) mencionado, como sugestão de leitura.

«Porque é que faço o que faço, porque é que penso o que penso? A maioria de nós dirá: porque eu quero(...) pág.17

"Quem nos faz como somos" é segundo o seu autor, um livro cujos 40 capítulos que o compõem «atravessam muitas questões com forte carga ideológica: o papel do homem e da mulher, a globalização, o confronto das civilizações, a questão do espírito e da natureza humana, a liberdade, o papel dos média, as crenças religiosas e, em particular, a crença na imortalidade» pág.19

Num universo tão complexo como o da genética, Pio Abreu pretende de alguma forma, transmitir ao leitor comum que pouco ou nada percebe sobre combinações entre proteínas, cromossomas, cadeias, átomos, moléculas ou genes, a importância deste ramo da ciência, na formação da humanidade. E, pretende fazê-lo de uma forma mais ou menos "simplificada", usando  para isso, um modo de escrita que, como o próprio refere "... pode parecer insólito" porque põe "os genes ou a cultura a falar na primeira pessoa". pág.20

Nas primeiras partes do livro, o autor revela-nos que os genes e os signos, representam, no primeiro caso, a nossa extensa história biológica e, no caso dos signos, traduzem a nossa enorme dependência cultural (ideias retiradas do Prefácio escrito por Carlos Fiolhais-Físico e Director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra).

Nos capítulos seguintes encontrei as partes mais interessantes deste livro (opinião pessoal, obviamente). Termino com estes textos, incluídos no capítulo 3, "COMO É QUE EU CONSIGO DOMINAR OS HUMANOS", a propósito de assimetrias entre homens e mulheres...

   «Tudo isto acontece nos homens, que têm um hemisfério bem diferenciado do outro, a ponto de uma pequena lesão dessa metade esquerda os impedir de falar e raciocinar com lógica. Porém, se a parte direita continuar a funcionar, eles podem ainda sentir e apreciar os aspectos importantes da vida, mantendo os sentimentos e a boa coordenação de todos os seus instintos.  É claro que, com esta organização cerebral, os homens têm um pequeno problema: é que às vezes pensam de maneira e sentem de outra, dando voltas aos miolos para resolver esta contradição(...)
   Falei dos homens porque, com as mulheres, o caso é outro: elas têm os cérebros menos assimétricos e, por exemplo, o controlo da fala ocupa ambos os hemisférios cerebrais. Ou seja: sentem o que pensam e pensam como sentem, não têm qualquer contradição a resolver. Talvez tenha de ser assim, porque são elas as principais protectoras dos genes e, sem essa protecção, não existiriam pessoas para me produzir. É por isso que as mulheres são fãs da sinceridade e da transparência, embora sejam frequentemente incoerentes: o que pensam hoje não é o que pensaram ontem, simplesmente porque os seus sentimentos mudaram, e talvez amanhã mudem de novo (...)» pág. 75 

Este livro encontra-se à venda, aqui