quinta-feira, 26 de abril de 2012

Reavivar espaços que o Estado encerrou

 
(A vista sobre a Serra de Santo António captada de um alpendre, em Alcaria. Foto retirada daqui)

Chama-se Benvinda Januário.
Dedicou a sua vida profissional ao então denominado ex ensino "primário". Depois da aposentação, não cruzou os braços e candidatou-se à Junta de Freguesia da sua terra natal. 
Alcaria é pois, a mais pequena freguesia do concelho de Porto de Mós e por isso, uma das que tem os dias contados enquanto tal.
Foi das primeiras localidades a encerrar a sua escola por falta de crianças (já lá vão uns anos) e em contrapartida viu a população idosa aumentar drasticamente mas, nem tudo é mau. 
A aldeia tornou-se na última década e meia, refúgio para muitos citadinos oriundos das mais variadas urbes portuguesas, pela paz e sossego que proporciona, em pleno Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros.
Convém referir que a cor política desta ainda Presidente de Junta não tem qualquer relevância para o caso. Para o caso, importa sim, referir que esta ex colega meteu mãos à obra, reaproveitando, revitalizando  espaços públicos que o Estado foi encerrando ao longo dos anos.
Assim, o antigo Posto Médico daquela freguesia reabriu com algumas mais-valias, sobretudo para os habitantes mais idosos: serviços médicos prestados em regime de voluntariado é apenas uma dessas mais-valias.
A iniciativa foi notícia de jornal e acredito que o empenho, contrariamente ao protagonismo de muito boa gente de renome por este país fora, teve como única e real intenção a de servir e ajudar a população local.
São pequenos grandes gestos como este que nos enchem de orgulho e seria óptimo que este exemplo se repetisse noutros recantos do país.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

As vias rápidas do desenvolvimento (?)

Trinta e oito anos depois, este país está, aparentemente, mais desenvolvido; um desenvolvimento calculado em quilómetros de auto-estradas, claro está.
Portugal tem uma rede rodoviária (de AE's, IP's, IC's) de fazer inveja aos restantes países da Europa. "Somos" assim. Sempre "fomos" assim. Construíram-se "mundos e fundos" para depois acabarem "às moscas". 
Há dias, numa reportagem de televisão sobre o asssunto, ouviu-se a expressão "auto-estradas fantasmas". Afinal, tantos quilómetros de vias rápidas e não haver quem queira circular nelas, é deveras fantasmagórico. É como ter um Mercedes topo de gama fechado numa garagem e não poder andar nele, porque afinal o carro até é bom, vistoso e tal, mas consome que se farta.

Assisti ao nascimento e ao crescimento do troço desta via rápida que passa a poucos quilómetros do local onde me encontro.


O IC9 desfigurou paisagens, deitou abaixo casas que me habituei a ver ao longo dos anos, criou o caos nas estradas municipais, obrigou os residentes a grandes desvios, mas a obra aqui está!


Faça chuva ou faça sol, num sábado de nevoeiro, ultimam-se os preparativos para a abertura deste troço do IC9, previsto para 15 de Maio.
Sem pompa nem circunstância não terá honras de inaugurações como noutros tempos, mas...

sábado, 21 de abril de 2012

"Windows" by Chick Corea

Abertas, só mesmo as janelas para a música. Com este tempo húmido e chuvoso não há "windows" que consigamos abrir. Parece Outono...

Bom fim-de-semana

sábado, 14 de abril de 2012

Uma história terrivelmente felina

Escrevinhei esta pequena história na sexta-feira da semana passada.
Hoje, ou melhor, nestes últimos dias não teria seguramente qualquer inspiração para escrever um texto destes, mas já que está escrito e devidamente ilustrado, segue em frente. Dedico-o a uma pessoa muito especial ...
(Por motivos pessoais, este blogue encontrar-se-á inoperante por tempo indeterminado)

Uma história em forma de gato

1-2-3
Era uma vez...
Sem raça definida, gente que quis ser gato
De Torcato
Para Maltês
Assim aconteceu uma vez

Dizia o gato Maltês:
Vou dormir o ano inteiro
Só acordar em Janeiro!

Comida boa, eu vou querer
Dispenso sobras, restos e outros disparates
Que eu agora só como Kitkat's

A minha dona passou-se dos carretos...
(Ou será do carreto?)
Não é que agora
Só faz compras num tal Gato Preto?!

Não quero mais pires, tigelas ou pratos
De hoje em diante exijo
chávenas finas com motivos "abstractos"

Sabe a senhora onde o gato das botas 
Compra o calçado?
- Sei sim!
Vou já a correr ao Chiado
Comprar umas para mim

No Verão viajo até Gatorrelix
Visitar os meus primos
Simon, Garfield e Felix

Agora que a história está a acabar
Tentem lá adivinhar
Qual é o meu programa preferido?
Os Gato Fedorento, é certo e sabido.


Depois deste aparato
Talvez opte pelo celibato
Esqueça de vez 
Perseguições a gatas e ratos
E mude definitivamente
para a Rua dos Gatos

 (fica na Baixa de Coimbra)

quarta-feira, 4 de abril de 2012

"Coisas que não há que há" de Manuel António Pina

Há umas semanas, "devorei" um livro da autoria de Manuel António Pina - Queres Bordalo? - enquanto esperava a chamada para uma consulta.
Estou grata à pessoa que me ofereceu este livrinho de contos porque me fartei de rir com os meus botões.
Para que conste; quando eu for grande também quero escrever assim, com engenho e graça! 


Coisas que não há que há 
           de Manuel António Pina

Uma coisa que me põe triste
é que não exista o que não existe.
(Se é que não existe, e isto é que existe!)
Há tantas coisas bonitas que não há:
coisas que não há, gente que não há,
bichos que já houve e já não há,
livros por ler, coisas por ver,
feitos desfeitos, outros feitos por fazer,
pessoas tão boas ainda por nascer
e outras que morreram há tanto tempo!
Tantas lembranças de que não me lembro,
sítios que não sei, invenções que não invento,
gente de vidro e de vento, países por achar,
paisagens, plantas, jardins de ar,
tudo o que eu nem posso imaginar
porque se o imaginasse já existia
embora num sítio onde só eu ia...

Manuel António Pina  é um poeta português natural do Sabugal, Beira Alta. É licenciado em Direito mas, para além de escrever poesia e livros infantis, sempre se dedicou ao jornalismo (informação retirada de http://casadospoetas.blogs.sapo.pt)

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dia 1 de Abril sem águas mil

Houve um prenúncio de mau tempo, ontem dia 1 de Abril. Foi tudo mentira.
Trovejou. Tudo indicava que ia cair muita água, mas não. A chuva que caiu, foi "sol de pouca dura".
Pus-me à janela. Assisti à mudança da cor do céu mas o melhor mesmo, foi sentir o cheiro das laranjeiras em flor.


E ao cheiro, juntou-se o frenesim sonoro do abelhame que saltitava de flor em flor.


Nisto passa uma rola atordoada. Sigo-a de outra janela...
Poisa, claro está, em cima do poste telefónico à espera do tempo que há-de vir. Já é habitual.


No horizonte, o céu continua carregado de nuvens cinzentas e um moinho solitário no alto do monte, de "braços abertos". O monte é conhecido por "Cabeça" e diz-se que no Verão, em dias limpídos se avista o reflexo do mar...