sábado, 2 de outubro de 2010

Lápis de cor

São cada vez mais as atitudes tomadas pelas crianças que me deixam boquiaberta e sem saber o que pensar.
É um facto constatado e mais do que evidente de que, o material escolar, nas mãos dos meninos e das meninas do século XXI, é um mero e insignificante "apetrecho", um material ultra descartável que ao mínimo defeito (a maioria das vezes nem precisa de ter) é "renegado" e posto de lado como se, de uma doença contagiosa se tratasse.

Antigamente, um lápis de carvão daria para muitas cópias, ditados e inúmeras contas. Lápis de cor, seria possivelmente um material precioso e raro para muitos de nós.
O meu TEMPO não será porventura, o mesmo de alguns dos meus caros leitores, mas mesmo assim, não me lembro de ter tido abundância no que toca ao  material escolar.
Lembro-me, por exemplo, de alguém me ter
oferecido um estojo com muitas canetas de feltro; um presente invulgar para aquela época, oferecido por um familiar que vivia no estrangeiro. Aquelas cores todas, tão bonitas... deixava-as ficar em casa e acho que mal as usava com pena de as gastar. Aos 7/8 anos, era assim a minha mentalidade...

Presentemente, salvo raras excepções, não há material que dure mais do que umas semanas nas mãos destas crianças, pois, o lema desta gente mais pequena é "estragar porque os pais compram outro".
Ontem, posso afirmar que me senti "chocada" ao apanhar em flagrante, uma criança com 7 anos, deitando para o caixote do lixo com  toda a naturalidade, os seus lápis de cor, uns mais pequenos e outros completamente novos!!!
Não estive com meias medidas.
Logo ali, responsabilizei o menino pelo seu gesto, dizendo-lhe que o mínimo a fazer, se não quisesse os lápis, seria dar a um colega que não tivesse; contei-lhe que, havia muitos meninos, no mundo, sem possibilidades para frequentar a escola e muitos, nem lápis de cor tinham para desenhar ou pintar como ele; por isso, não estava correcto deitar no lixo, uma coisa nova que faria falta a alguns, e, faria decerto, a alegria de outros tantos.
Perante o embaraço da criança, perguntei-lhe a razão daquela atitude. Saiu-se com esta resposta:
- Então... não quero estes... porque eu tenho aqui outros novos e estes...alguns já "tão" muito pequenos!"

3 comentários:

  1. Relógio,

    Ainda bem que assistiu a isso, para ir ainda a TEMPO de actuar pedagogicamente.

    De pequenino é que se torce o pepino.

    Mas, a criança tem de ter a sorte de alguém a encontrar em pleno acto de "estraga albardas", para receber o 'sermão' que lhe faltava ouvir!

    César

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  2. Não sei o que pensar destas famílias que dão tudo ao meninos. Estragam-lhes todo o futuro.
    Existe uma preocupação que não lhes falte nada, mas acabará por lhes faltar o essencial - responsabilidade e poupança. Lembrar-se dos outros que nada têm e que nunca irão à escola.
    Pagaremos muito caro estes desvarios da nossa sociedade.

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  3. César, Luís
    Na hora, fiz o que achei melhor; uma repreensão do tipo sermão. Contudo, acho que existe cada vez mais, uma velocidade desproporcionada entre a informação que entra (aquela que nós damos), aquela que permanece e a que sai.
    Ou seja; toda e qualquer informação que um professor dá, entra a 20 km por hora, circula no cérebro a 10 km e depois quando sai; sai disparada a 200 km!!! Quando se dá por ela, já é tarde demais. Ou a criança já está noutro lugar ou caiu pelo caminho...
    Enfim, são "teorias" minhas, é claro.

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